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Desde o momento em que ainda<br />
usam fraldas, homens e mulheres deveriam<br />
ter as mesmas oportunidades,<br />
pois é em casa que as desigualdades<br />
de gênero devem desaparecer e dessa<br />
maneira todas as pessoas seriam educadas<br />
para servir a sociedade.<br />
As bandeiras de luta dos movimentos<br />
de mulheres reivindicam principalmente<br />
uma mudança no olhar da sociedade<br />
que nos vê como objetos sexuais, sobretudo,<br />
através da mídia televisiva,<br />
onde somos coisificadas. Temos campanhas<br />
que unem homens e mulheres<br />
para erradicar também o assédio sexual<br />
sofrido nas ruas.<br />
Muitas vidas de mulheres foram<br />
perdidas nas mãos de homens, porém,<br />
isso não foi em vão, porque muitas<br />
deixaram um caminho que seguimos<br />
para avançar a cada dia, apesar de enfrentarmos<br />
diversos desafios. No entanto,<br />
as mulheres não podem desistir,<br />
mas, sim, continuar lutando por seus<br />
direitos. Como seres humanos temos<br />
os mesmos direitos e eles devem ser<br />
respeitados.<br />
Vanessa Rangel<br />
Militância política<br />
Comunicadora popular, fotógrafa,<br />
redatora e editora, participa da Corrente<br />
Revolucionária Bolívar e Zamora, na<br />
Venezuela, uma entidade dos movimentos<br />
sociais, com intensa inserção na<br />
esfera política.<br />
SAULO ESLLEN MARTINS<br />
Com a chegada do presidente Hugo<br />
Chávez, em 1999, o governo bolivariano<br />
ficou marcado pela preocupação<br />
em atender as reivindicações de todos<br />
os setores que por décadas haviam<br />
sido excluídos e maltratados, dedicando<br />
especial atenção à emancipação da<br />
mulher. Em parte, isso pode ser confirmado<br />
com a aprovação da Lei Orgânica<br />
sobre os direitos das mulheres<br />
a uma vida livre de violência, em 2007,<br />
e a criação do Ministério do Poder Popular<br />
para a Mulher e a Igualdade de<br />
Gênero, em 2009, que tem dentro de<br />
suas funções proteger os direitos das<br />
mulheres e impulsionar projetos socioprodutivos.<br />
Ao longo da história mundial, o<br />
papel da mulher tem sido essencial<br />
para as revoluções. Os historiadores,<br />
seguindo o sistema patriarcal, têm se<br />
encarregado de apagar a imagem de<br />
todas aquelas que tiveram um papel<br />
de protagonista. Na Venezuela isso<br />
está mudando, o comandante Chávez<br />
entendeu a importância da mulher em<br />
todos os processos e compreendia a<br />
luta pela equidade de gênero e a necessidade<br />
de mudança desse sistema<br />
patriarcal dentro do marco da revolução,<br />
por isso, em diversas ocasiões se proclamou<br />
feminista. Trouxe à tona as<br />
histórias de mulheres guerreiras, ele<br />
sabia que esses exemplos nos dariam<br />
força para as batalhas que viriam.<br />
Segundo dados oficiais, desde o início<br />
da revolução, até 2014, a taxa de<br />
desemprego da mulher diminuiu 9%.<br />
Outro dado importante é o fato de<br />
55% dos Conselhos Comunais serem<br />
dirigidos por mulheres e 60% dos<br />
chefes das Unidades de Batalha Bolívar<br />
e Chávez, do Partido Socialista, são<br />
mulheres.<br />
Essas mudanças vão além das instituições<br />
governamentais e dos processos<br />
produtivos. É importante ressaltar os<br />
números mencionados, porque demonstram<br />
que hoje em dia a mulher<br />
venezuelana tem um papel vital dentro<br />
do processo revolucionário, pessoas<br />
que anos atrás estavam dedicadas somente<br />
ao cuidado com seus filhos e à<br />
manutenção da casa, agora são grandes<br />
lideranças para as comunidades em<br />
que habitam e para o país. Exercem<br />
suas funções com a ternura que nos<br />
caracteriza, mas, ao mesmo tempo,<br />
com a firmeza necessária.<br />
Prefeitas, ministras, governadoras,<br />
deputadas, assessoras, dirigentes de<br />
partidos políticos, são alguns dos papéis<br />
que atualmente são desenvolvidos. Não<br />
tem sido fácil, sendo que nossa batalha<br />
diária também é com essa realidade<br />
machista latino-americana que nos persegue.<br />
Ainda que os avanços tenham<br />
sido significativos, existe um longo caminho<br />
a ser percorrido. O mais importante,<br />
contudo, é que contamos<br />
com muitos companheiros/as que se<br />
questionam e entendem que não se<br />
trata de uma questão separatista, muito<br />
antes pelo contrário, o feminismo é<br />
uma questão complementar ao processo<br />
revolucionário que estamos vivendo.ø<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015