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MÓDULO f |DOUTRINA DE CRISTO<br />
Neste tempo vivia Jesus, um homem sábio, se é que se po<strong>de</strong> chamá-lo um homem. Ele realizava feitos<br />
incríveis e era 0 mestre <strong>de</strong> todos os que aceitavam com alegria a verda<strong>de</strong>. Desta forma ele atraiu ju<strong>de</strong>us e<br />
também gentios. Ele era 0 Cristo. E apesar <strong>de</strong> Pilatos. movido pelas pessoas mais eminentes <strong>de</strong> nosso povo,<br />
tê-lo con<strong>de</strong>nado à morte, seus discípulos não lhe foram infiéis. Apareceu-lhes pois em vida no terceiro<br />
dia; os profetas enviados por Deus haviam anunciado antecipadamente isso e outras coisas maravilhosas<br />
sobre ele. Até o dia <strong>de</strong> hoje subsiste o povo dos cristãos, chamados assim segundo seu nome.<br />
Des<strong>de</strong> 0 século XVI esse texto tem sido objeto <strong>de</strong> fortes controvérsias por especialistas <strong>de</strong> todas as crenças.<br />
Alegam ser duvidoso que um ju<strong>de</strong>u que viveu e trabalhou fora do contexto cristão tenha dito tais coisas sobre<br />
Jesus. Discutiu-se em primeiro lugar se 0 parágrafo precisa ser interpretado como testemunho autêntico <strong>de</strong><br />
Josefo ou se é uma interpolação cristã. No século XX o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>slocou-se cada vez mais para a pergunta se o<br />
Testimonium Flavianum tem por base um relato mais antigo <strong>de</strong> Josefo, que teria sido reelaborado por cristãos,<br />
e se é possível reconstruir 0 fraseado ou a tendência <strong>de</strong>sse relato original <strong>de</strong> Josefo. Assim, três hipóteses são<br />
apresentadas: a autenticida<strong>de</strong>, a interpolação e a reelaboração.17<br />
Este mesmo escritor faz alusão a Tiago, irmão <strong>de</strong> Jesus:<br />
Anano, o mais jovem, cuja nomeação para sumo sacerdote acabei <strong>de</strong> citar... pertence à seita dos saduceus,<br />
que, como já se observou antes, é mais inflexível e impiedosa no tribunal do que todos os outros ju<strong>de</strong>us.<br />
Ananos acreditou que tinha uma oportunida<strong>de</strong> favorável para a satisfação <strong>de</strong>ssa sua dureza <strong>de</strong> coração,<br />
porque Festo estava morto e Albino ainda estava a caminho.18 Por isso, ele reuniu os juizes do Sinédrio<br />
e pôs diante <strong>de</strong>le um homem <strong>de</strong> nome Tiago, irmão <strong>de</strong> Jesus, que é chamado Cristo, e alguns outros.<br />
Ele os acusou <strong>de</strong> transgressão da lei e os mandou para 0 apedrejamento. Mas isso exasperou até os mais<br />
zelosos observadores da lei, que mandaram um encarregado ao rei 19 com 0 pedido <strong>de</strong> exigir por escrito<br />
<strong>de</strong> Ananos que <strong>de</strong>sistisse <strong>de</strong> quaisquer outras ações, pois não havia sido correto em seu primeiro passo.<br />
Alguns <strong>de</strong>les foram ter com Albino... e o informaram <strong>de</strong> que Ananos não tinha nenhuma autorida<strong>de</strong> para<br />
convocar 0 Sinédrio sem seu consentimento. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse inci<strong>de</strong>nte, Agripa o <strong>de</strong>stituiu <strong>de</strong> seu cargo<br />
<strong>de</strong> sumo sacerdote que ele ocupara por três meses...<br />
11.3 TÁCITO (55/56 - 120 d.C)<br />
P. Cornelius Tacitus, membro da aristocracia senatorial, ocupou cargos habituais (foi procônsul da Ásia em<br />
112/113), entretanto ficou conhecido como historiador por suas duas gran<strong>de</strong>s obras históricas: as Histórias (c.<br />
105 - 110) e os Anais (c. 116-117).<br />
Tácito, em sua biografia, relata os cinco primeiros anos <strong>de</strong> governo do imperador Nero, chamado quinquennium<br />
54-58 d.C. {Ann 13) e 0 reino <strong>de</strong> horror que se seguiu a este (Ann 14-16); entre os exemplos <strong>de</strong>sse período está a<br />
execução cruel <strong>de</strong> cristãos “afflicti suppliciis Christiani, genus hominum superstitionis novae ac maleficae —foi<br />
aplicada pena <strong>de</strong> morte contra os cristãos, um grupo <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> uma superstição nova e maléfica” (Nero 16.2).<br />
O motivo pelo qual ele se refere aos cristãos é o incêndio <strong>de</strong> Roma no ano <strong>de</strong> 64 d.C. {Ann 15.38-44), que Nero<br />
atribuiu aos cristãos para <strong>de</strong>sviar a suspeita <strong>de</strong> si próprio.<br />
Ele <strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma breve e precisa 0 que sabe sobre o autor {auctor) da superstição, a fim <strong>de</strong> esclarecer a<br />
origem dos Christiani,20 que são odiados no meio do povo por causa <strong>de</strong> seus vícios {Ann 15.44,3):<br />
17Para uma melhor compreensão sobre as hipóteses possíveis, ver THEISSEN, Gerd. 0 Jesus histórico. São Paulo: Loyola, 20 04. p. 86.<br />
" Pórcio Festo (60-62) e Luceio Albino (62-64) eram procuradores romanos na Palestina. Como Festo morreu inesperadamente, houve um<br />
vácuo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r após sua morte até a chegada <strong>de</strong> seu sucessor.<br />
״<br />
A referência é ao rei ju<strong>de</strong>u Agripa <strong>II</strong>, que governava na Transjordânia por or<strong>de</strong>m romana e supervisionou 0 Templo até 66. ,0A leitura christianosnão é certa, pois nos manuscritos mais antigos e confiáveis foi corrigida a partir <strong>de</strong> chrestianos. Chrestianosi<br />
provavelmente uma forma vulgar do nome para cristãos, <strong>de</strong>rivado do nome grego <strong>de</strong> escravo Chrestos.<br />
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CURSO DE TEOLOGIA