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Curso-de-Teologia-modulo-II

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MÓDULO 2 I DOUTRINA DE CRISTO<br />

Essa é a outra forma <strong>de</strong> monarquianismo, ou seja, é 0 outro modo <strong>de</strong> apologizar o unitarismo divino. O<br />

modalismo (como também era conhecido) era diferente do adocionismo, que dizia que Jesus era adotado por<br />

Deus, pregava que Jesus era Deus, mas se manifestara como criador do mundo (Pai), <strong>de</strong>pois viera à Terra se<br />

encarnando em Jesus para salvar o homem (Filho) e hoje Ele se manifesta na pessoa do Espírito Santo. Para o<br />

modalismo há uma só pessoa, que se manifestou <strong>de</strong> forma diferente e com nomes diferentes, o Pai. A idéia do<br />

monoteísmo judaico não fora ferida.<br />

O primeiro teólogo a <strong>de</strong>clarar formalmente a posição monárquica foi Noeto <strong>de</strong> Esmima, que, nos últimos anos<br />

do segundo século, foi duas vezes convocado pelos presbíteros daquela cida<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> prestar esclarecimentos.<br />

O cerne da pregação <strong>de</strong> Noeto era a enérgica afirmação <strong>de</strong> que havia apenas um Deus, 0 Pai.<br />

No Oci<strong>de</strong>nte seus discípulos ficaram conhecidos como patripassionistas, isto é, a idéia <strong>de</strong> que foi 0 Pai quem<br />

sofreu e vivenciou as outras experiências humanas <strong>de</strong> Cristo.24 Portanto, teria sido o próprio Pai quem entrou<br />

no ventre da virgem, tomando-se, por assim dizer, seu próprio Filho, o qual sofreu, morreu e ressuscitou. Desse<br />

modo, essa pessoa singular unia em si mesma atributos mutuamente incompatíveis, sendo invisível e também<br />

visível, impassível e também passível. Já no Oriente, este modalismo mais refinado tomou-se conhecido como<br />

sabelianismo, em função do nome <strong>de</strong> seu autor, Sabélio. Recebendo uma estrutura mais sistemática e filosófica<br />

por parte <strong>de</strong> Sabélio, foi levada para Roma perto do final do pontificado <strong>de</strong> Zeferino, sendo veementemente atacada<br />

por Hipólito. Sabélio negou a trinda<strong>de</strong> ao afirmar que não há três pessoas e sim uma só pessoa que se manifesta <strong>de</strong><br />

maneiras diferentes. Ele empregou a analogia do sol, um objeto único que irradia tanto calor quanto luz; 0 Pai era,<br />

por assim dizer, a forma ou essência, sendo o Filho e 0 Espírito Santo os modos <strong>de</strong> auto-expressão do Pai.<br />

Em 261 d.C. as doutrinas <strong>de</strong> Sabélio foram rejeitadas e con<strong>de</strong>nadas por negar a distinção das pessoas divinas<br />

na tentativa <strong>de</strong> resgatar uma teologia unicista para 0 cristianismo.<br />

e) ARIANISMO<br />

Os arianos foram seguidores <strong>de</strong> um presbítero <strong>de</strong> nome Ario. Ele afirmava que o Verbo (Jesus Cristo) não<br />

era igual ao Pai, mas uma gran<strong>de</strong> criatura. Segundo Ario, Cristo é o primeiro dos seres criados através <strong>de</strong> quem<br />

todas as outras coisas são feitas. Em antecipação à glória que haveria <strong>de</strong> ter no final, Ele é chamado <strong>de</strong> Logos, 0<br />

Filho, o unigênito. Dizia Ario que Jesus podia ser chamado <strong>de</strong> Deus, apesar <strong>de</strong> não ser Deus na realida<strong>de</strong> plena<br />

subentendida pelo termo.<br />

Diante <strong>de</strong>sse fato, Alexandre, bispo <strong>de</strong> Alexandria, convocou um sínodo, que o <strong>de</strong>pôs do presbiterato e o<br />

excluiu da comunhão da Igreja. Logo <strong>de</strong>pois, 0 imperador or<strong>de</strong>nou que todos os bispos cristãos comparecessem<br />

para <strong>de</strong>liberar a respeito da pessoa <strong>de</strong> Cristo e da Trinda<strong>de</strong> em uma reunião que ele presidiria em Nicéia, em 325<br />

d.C. A gran<strong>de</strong> assembléia realizou-se com a presença <strong>de</strong> 318 bispos católicos, e somente 22 eram <strong>de</strong>claradamente<br />

arianos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início.25 O próprio Ario não obteve licença para participar do concilio por não ser bispo. Foi<br />

representado por Eusébio <strong>de</strong> Nicomédia e Teogno <strong>de</strong> Nicéia. Alexandre dirigiu o processo jurídico contra Ario<br />

e 0 arianismo, sendo auxiliado por seu jovem assistente chamado Atanásio, que viria a sucedê-lo no bispado <strong>de</strong><br />

Alexandria poucos anos <strong>de</strong>pois. Neste concilio foi formulado um documento chamado <strong>de</strong> Credo <strong>de</strong> Nicéia, on<strong>de</strong><br />

os ensinos <strong>de</strong> Ario foram con<strong>de</strong>nados.<br />

12.2 O PERÍODO PÓS-NICENO (325-600 d.C.)<br />

Depois <strong>de</strong> chegar à profissão <strong>de</strong> fé padrão, a Igreja, agora convicta <strong>de</strong> que Jesus Cristo é 0 verda<strong>de</strong>iro Deus,<br />

teria <strong>de</strong> resolver como a divinda<strong>de</strong> e a humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus se relacionavam, visto haver muitas heresias no seio<br />

da cristanda<strong>de</strong>. Nesse período surgiram, entre outros, 0 apolinarianismo, 0 nestorianismo e 0 eutiquianismo.<br />

a) APOLINARIANISMO<br />

Esse nome se <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> Apolinário, que era bispo <strong>de</strong> Laodicéia da Síria no final do quarto século. Ele se opôs<br />

,4 Tertuliano “cunhou 0 rótulo <strong>de</strong> patripa$5iani$mo para essa heresia, que significa 0 sofrimento (e a morte) do Pai” .<br />

15 AGOSTINHO, Santo. A Trinda<strong>de</strong>. São Paulo: Paulus. 2. ed. 1994. p. 11.<br />

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CURSO DE TEOLOGIA

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