MÓDULO i I DOUTRINA DOS ANJOS DEFINIÇÃO DO TERMO ג Initium doctrinae sit consi<strong>de</strong>ratio nominis. Para o estudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado tema, <strong>de</strong>ve-se iniciar pela análise <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nominação, que po<strong>de</strong>rá ajudar a compreen<strong>de</strong>r aquilo que se preten<strong>de</strong> estudar. Seguiremos a orientação do maior orador romano, Marco Túlio Cícero, que disse: “Quando se quer pôr or<strong>de</strong>m e método numa discussão é preciso dar início <strong>de</strong>finido à coisa <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>bate para se ter <strong>de</strong>la uma idéia clara e precisa”.1Portanto, assim principiaremos nosso estudo. De início, pedimos licença para adverti-lo <strong>de</strong> que no transcurso <strong>de</strong> nosso estudo molestaremos freqüentemente os seus ouvidos com graecu largos, como diriam os filósofos. O vocábulo “anjo”, tal qual aparece nas versões correntes, vem <strong>de</strong> uma raiz hebraica, מלאך mal’ak. No grego da Versão dos Setenta (Septuaginta), os eruditos traduziram “m ״al’ak por CXγ γ 6 λ 0 ζ - angelos? Ambos os termos significam “um mensageiro, embaixador, alguém que é enviado, um anjo, um mensageiro <strong>de</strong> Deus”. Em Marcos 1.2, por exemplo, 0 termo aggelos é atribuído a João Batista: “...eis que eu envio o meu anjo {aggelos) ante a tua face, 0 qual preparará 0 teu caminho diante <strong>de</strong> ti”, enquanto mal ’ak é usado na profecia correspon<strong>de</strong>nte em Malaquias 3.1. Assim, pelo contexto é que será possível <strong>de</strong>terminar se o mensageiro (anjo) em questão é humano ou angelical. Como seres espirituais estão divididos em duas classes: anjos santos (bons) e anjos caídos (maus). Os anjos santos são mensageiros <strong>de</strong> Deus, que por opção própria permaneceram em seu estado original, submissos à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, enquanto os anjos <strong>de</strong>caídos, ao contrário, são os que se rebelaram (Judas 6; Apocalipse 12.3-4), tomando-se servos <strong>de</strong> Satanás, “ 0 <strong>de</strong>us <strong>de</strong>ste século” (2 Coríntios 4.4). VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM CAPÍTULO 1 1 ) 0 vocábulo anjo vem <strong>de</strong> quais raízes? 2) O que significa o termo anjo? 3) Quais são as duas classes <strong>de</strong> anjos? 'CÍCERO, Marco Túlio. Dos<strong>de</strong>veres. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 33. 1 Ver volume 1, A Septuaginta, p. 37. 92 CURSO DE TEOLOGIA
MÓDULO 1 1DOUTRINA DOS ANJOS A ORIGEM DOS ANJOS Diferentemente <strong>de</strong> Deus, os anjos são seres criados por Ele antes da criação do universo (Jó 38.7) e, portanto, foram testemunhas da criação do mundo. São chamados <strong>de</strong> ים Beney H a’Elohiym, “filhos <strong>de</strong> Deus”, mas nem por isso estão sem faltas (Jó 4.18; 15.15). Não existem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a eternida<strong>de</strong>, como explicitamente <strong>de</strong>claram as Escrituras: “Tu só és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos, e 0 exército dos céus te adora” (Neemias 9.6). “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes... Louvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados” (Salmos 148.2, 5). “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potesta<strong>de</strong>s; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes <strong>de</strong> todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Colossenses 1.16-17). Os anjos estão <strong>de</strong> fato entre as coisas “invisíveis” que Deus criou para servi-lo. A Bíblia não nos informa 0 momento exato em que os anjos foram criados. No entanto, <strong>de</strong> acordo com Jó 38.4-7, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r que isso se <strong>de</strong>u antes da criação do universo. Essas criaturas angelicais são mencionadas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Vejamos: בני ה אלה a) Conforme a Concordância Bíblica Exaustiva, no Antigo Testamento eles são mencionados textualmente por 109 vezes e sempre em missões específicas.3 Leia: Gênesis 16.7, 9-11; 19.1, 15; 24.7,40; 28.12; 31.10- 11; 32.1; 48; Êxodo 3.2; 14.9; 23.20, 23; 32.34; 33.2; Números 20.16; 22.22-27, 31-32, 34-35; Juizes 2.1, 4; 5.23; 6.11-12, 20-22; 13.3, 6, 13, 15-17, 19-20; 1 Samuel 29.9; 2 Samuel 14.17; 19.27; 1 Reis 13.18; 19.5, 7; 2 Reis 1.1, 15; 19.35; 1 Crônicas 21.12, 15-16, 18, 20, 27, 30; 2 Crônicas 32.21; Jó 4.18; Salmos 8.5; 34.7; 35.5-6; 91.11; 103.20; 148.2; Eclesiastes 5.6; Isaías 37.36; 63.9; Daniel 3.28; 6.22; Oséias 12.4; Zacarias 1.9, 11-14, 19; 2.3; 3.3, 5-6; 4.1, 4-5; 5.10; 6.4-5; 12.8; Malaquias 2.7; 3.1. b )N 0 Novo Testamento essas criaturas são mencionadas servindo aos santos por 175 vezes (51 vezes nos Sinópticos, 21 em Atos, 67 em Apocalipse).4 Emprega-se com respeito a homens apenas 6 vezes (Lucas 7.24; 9.52; Tiago 2.25; Mateus 11.10; Marcos 1.2; Lucas 7.27 ao citarem Malaquias 3.1). Convém que 0 aluno examine minuciosamente cada texto e contexto on<strong>de</strong> a palavra está presente: Mateus 1.20, 24; 2.13, 19; 4.6, 11; 11.10; 13.39,41,49; 16.27; 18.10; 22.30; 24.31,36; 25.31, 41; 26.53; 28.2, 5; Marcos 1.2, 13; 8.38; 12.25; 13.27, 32; Lucas 1.11, 13, 18-19, 26, 28, 30, 34-35, 38; 2.9-10, 13, 15; 4.10; 7.27; 9.26; 15.10; 16.22; 20.36; 22.43; 24.23; João 1.51; 5.4; 12.29; 20.12; Atos 5.19; 6.15; 7.35, 53; 8.26; 10.3, 7, 22; 12.7, 11, 15, 23; 23.8-9; 27.23; Romanos 8.38; 1 Coríntios 4.9; 6.3; 11.14; Gálatas 1.8; 3.19; 4.14; Colossenses 2.18; 2 Tessalonicenses 1.7; 1 Timóteo 3.16; 5.21; Hebreus 1.4-7, 13; 2.2, 7, 9, 16; 12.22; 13.2; 1 Pedro 1.12; 3.22; 2 Pedro 2.4, 11; Judas v. 6; Apocalipse 1.1, 20; 2.1, 8, 12, 18; 3.1,7, 14; 5.1, 11; 7.1-2, ll;8 .2 -8 , 10, 12, 13; 9.1, 11, 13-15; 10.1, 5, 7-10; 11.1, 15; 12.7; 14.6, 8-10, 15, 17-19; 15.1, 6, 8; 16.1, 3-5, 8, 10, 12, 17; 17.17; 18.1, 21; 19.17; 20.1; 21.9, 12, 17; 22.6, 8, 16. 3 GILMER, Thomas L.; JACOBS, Jon; VILELA, Milton. Concordância bíblica exaustiva. São Paulo: Vida, 1999, p. 65. 4COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário internacional <strong>de</strong> teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. vol. 1, p. 147. CURSO DE TEOLOGIA 93