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Curso-de-Teologia-modulo-II

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MÓDULO 11 DOUTRINA DE CRISTO<br />

traduzida do grego por ”sabedoria” ou “conhecimento superior”. Os gnósticos diziam possuir capacida<strong>de</strong>s e conhecimentos<br />

espirituais superiores que os cristãos não possuíam. Os gnósticos seguem lí<strong>de</strong>res, divulgadores <strong>de</strong> conhecimento espiritual<br />

que transcen<strong>de</strong>m 0 entendimento normal, geralmente consi<strong>de</strong>rado secreto. Nos primeiros séculos do cristianismo esse<br />

conhecimento espiritual secreto estava relacionado com as idéias <strong>de</strong> que o “Cristo” é alguém diferente do homem “Jesus”,<br />

que o “Cristo” somente teria habitado em “Jesus”, mas nunca se i<strong>de</strong>ntificou completamente com ele, e alma ou espírito<br />

humano é uma centelha da plenitu<strong>de</strong> divina (como dizem hoje os a<strong>de</strong>ptos da Nova Era).<br />

b) EBIONISMO<br />

Os ebionitas surgiram no começo do segundo século. Seu nome, <strong>de</strong>rivado do termo grego “ebionaioi”, tem<br />

seu correspon<strong>de</strong>nte no idioma hebraico, “ebionim”, que significa “os pobres”. Os ebionitas eram ju<strong>de</strong>us crentes<br />

que não <strong>de</strong>ixavam os preceitos judaicos e também aceitavam Jesus apenas como homem. Essa seita tinha um<br />

ensino exagerado sobre pobreza; rejeitava os escritos do apóstolo Paulo porque nas suas epístolas ele reconhecia<br />

os gentios convertidos como cristãos. O maior ataque ao cristianismo primitivo estava relacionado à interpretação<br />

que tinham à respeito da divinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus e <strong>de</strong> seu nascimento virginal. Para eles, Jesus foi um simples homem,<br />

filho <strong>de</strong> José e Maria, que observou a lei <strong>de</strong> forma especial, sendo assim escolhido por Deus para ser 0 Messias.<br />

Em seu batismo, com a <strong>de</strong>scida do Espírito Santo, Jesus teria sido capacitado por este para ser o Messias; assim,<br />

logicamente Jesus não era eterno, logo não era Deus.<br />

Essencialmente esta era também a posição dos monarquianistas dinâmicos, sendo Paulo <strong>de</strong> Samosata seu<br />

principal representante, que faziam distinção entre Jesus e o Logos (veja sobre monarquianistas dinâmico neste<br />

mesmo estudo). Sacrificavam a divinda<strong>de</strong> pela <strong>de</strong>fesa da humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo.<br />

Nenhum concilio con<strong>de</strong>nou oficialmente o ebionismo, mas Tertuliano, Irineu, Eusébio e Orígenes foram<br />

opositores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> peso.<br />

c) DOCETISMO<br />

O docetismo tem uma gran<strong>de</strong> ligação com o gnosticismo, para quem o mundo material era mau e corrompido.<br />

O termo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma palavra grega (δοχεω) que significa “parecer”. Os docetas <strong>de</strong>fendiam que o corpo <strong>de</strong> Jesus<br />

Cristo era uma ilusão e sua crucificação teria sido apenas aparente.<br />

Para os a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa heresia, a matéria é ruim, e ο λογος, que é o aeon (espírito), não se envolveria com<br />

a matéria, que é o princípio do pecado, por isso Cristo parecia estar numa matéria carnal, mas na verda<strong>de</strong> não<br />

estava, era ilusório.<br />

Na concepção <strong>de</strong>sse movimento herético, sendo Cristo bom e a matéria essencialmente má, não haveria<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> união entre ο λογος e um corpo terreno.21 Portanto, os docetas negavam a humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Jesus, dizendo que ele parecia ser humano, mas era divino. “Afirmava que o corpo <strong>de</strong> Jesus não passava <strong>de</strong><br />

fantasma; que sofrimentos e morte eram apenas meras aparências: O u sofria e então não podia ser Deus; ou era<br />

verda<strong>de</strong>iramente Deus e então não podia sofrer.”"<br />

Não houve uma con<strong>de</strong>nação oficial a esse pensamento, mas Irineu e Hipólito foram os opositores <strong>de</strong>ssa idéia filosófica<br />

grega e pagã da época, mas que foi introduzida na Igreja daqueles tempos. Irineu, discípulo <strong>de</strong> Policarpo, bispo <strong>de</strong><br />

Esmima, discípulo do apóstolo João, discípulo <strong>de</strong> Jesus, escreveu acerca da fé cristã comum por volta do ano 177 d.C.:<br />

Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus<br />

discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez os céus e a terra, 0 mar e tudo que nele existe;<br />

em um só Jesus Cristo, Filho <strong>de</strong> Deus, encarnado para a nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos<br />

profetas, anunciou a economia <strong>de</strong> Deus; e a vinda, o nascimento pela virgem, a paixão, a ressurreição<br />

״<br />

A concepção filosófica do Logos ( λ ο γ ο ς ) ocupa um lugar essencial na história longa e complicada <strong>de</strong>ste termo, pois influenciou, ao menos na form a, as idéias judaicas e pagãs tardias <strong>de</strong> um Logos mais ou menos personificado. Dada a alta freqüência <strong>de</strong> utilização da idéia <strong>de</strong><br />

logos antes do cristianismo e simultaneamente a ele, é necessário que 0 leitor 0 estu<strong>de</strong> tal qual aparece no helenismo e no judaísmo, λ ο γ ο ς<br />

(logos) é traduzido por Verbo em João 1.1: “No Princípio era 0 Verbo”.<br />

” BETTENSON. H. Documentos da Igreja cristã. 3. ed. São Paulo: ASTE, 1998. p. 77.<br />

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CURSO DE TEOLOGIA

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