17.04.2013 Views

O papel do enfermeiro num estudo de adesão ao aleitamento materno

O papel do enfermeiro num estudo de adesão ao aleitamento materno

O papel do enfermeiro num estudo de adesão ao aleitamento materno

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

associadas <strong>ao</strong> uso <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> animais, até <strong>ao</strong> final <strong>do</strong> séc. XIX, em situações <strong>de</strong><br />

impossibilida<strong>de</strong> materna, o leite <strong>materno</strong> manteve-se insubstituível na alimentação <strong>de</strong><br />

lactentes 30 .<br />

Com a pasteurização, o leite <strong>de</strong> vaca engarrafa<strong>do</strong> tornou-se mais seguro e uma<br />

indústria química cada vez mais preparada cientificamente iniciou o caminho <strong>do</strong><br />

processamento <strong>do</strong> leite <strong>de</strong> vaca para o seu uso na alimentação infantil.<br />

Uma indústria láctea agressiva rapidamente conquistou as mães e os profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Estava-se agora perante a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentar uma criança com um<br />

leite adapta<strong>do</strong>, vendi<strong>do</strong> como equivalente <strong>ao</strong> leite humano.<br />

Com a comercialização <strong>do</strong>s leites artificiais a alimentação infantil inicialmente<br />

reservada à classe médica abriu-se a um merca<strong>do</strong> cada vez mais disputa<strong>do</strong> e <strong>de</strong>u origem<br />

a uma nova i<strong>de</strong>ologia <strong>do</strong>minante: o artificial é melhor que o natural.<br />

2.1.3 - Declínio <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong><br />

Mudanças sociológicas ocorridas na era mo<strong>de</strong>rna da socieda<strong>de</strong> industrial <strong>ao</strong> longo<br />

<strong>do</strong>s sécs. XIX e XX, contribuíram juntamente com o <strong>de</strong>senvolvimento da indústria láctea<br />

para o <strong>de</strong>clínio da prática <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong>.<br />

Durante séculos a assistência <strong>ao</strong> nascimento foi exclusivamente feminina, dada<br />

por mulheres a outras mulheres, <strong>num</strong> misto <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> feminina e <strong>de</strong> assistência<br />

especializada.<br />

Esta ajuda po<strong>de</strong>ria ser dada por mulheres próximas da parturiente, familiares ou<br />

amigas ou por mulheres reconhecidamente porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> um conhecimento <strong>de</strong><br />

experiência feito e que transmitiam oralmente o seu saber <strong>de</strong> geração em geração<br />

(Barbaut, 1990).<br />

Após o séc. XIX, com o higienismo <strong>de</strong> Pasteur a medicina tornou-se uma nova<br />

religião e a puericultura como arte <strong>de</strong> criar cientificamente os bebés estabeleceu regras,<br />

saberes e <strong>do</strong>gmas (Ab<strong>de</strong>lmalek; Gérard, 1999) e o <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um<br />

saber apenas das mulheres.<br />

As taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil eram paralelas à incidência <strong>de</strong> alimentação infantil. Dois terços das mortes infantis eram<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s à cólera infantil (Ruiz Ferrón [et al.], 2003).<br />

29 No séc. XIX, a mortalida<strong>de</strong> infantil com o uso <strong>de</strong> fórmulas semi-líquidas (leite bovino diluí<strong>do</strong>) na alimentação <strong>de</strong> lactentes<br />

atingia valores entre os 50 e os 100% (Badinter, 1998).<br />

30 Embora a <strong>do</strong>mesticação <strong>de</strong> animais como a cabra e a vaca remonte a 5000 anos AC, o aproveitamento <strong>do</strong> seu leite não<br />

foi durante séculos alternativa <strong>ao</strong> leite humano (Alves; Almeida, 1992)<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!