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O papel do enfermeiro num estudo de adesão ao aleitamento materno

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Com o ingresso da parturiente no hospital, instituição habitualmente conotada com<br />

<strong>do</strong>ença, o trabalho <strong>de</strong> parto e o parto <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser acontecimentos normais e<br />

fisiológicos para se tornarem acontecimentos que necessitam <strong>de</strong> tratamento.<br />

O parto transferiu-se da casa para o hospital, a família foi afastada <strong>do</strong><br />

acontecimento e a assistência passou a ser dada por pessoal qualifica<strong>do</strong> com<br />

reconhecida formação. A arte transformou-se em ciência e em 1892 surgiu aquela que foi<br />

possivelmente a primeira instituição <strong>de</strong> assistência pré natal (O´Dowd; Philipp, 1995).<br />

De um processo natural, a gravi<strong>de</strong>z transformou-se <strong>num</strong> processo médico, ten<strong>do</strong><br />

as mulheres fica<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da ciência e da tecnologia e entregues <strong>ao</strong>s cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a uma nova i<strong>de</strong>ologia que exaltava o progresso e a tecnologia.<br />

Um <strong>do</strong>s paradigmas <strong>do</strong>minantes <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ologia era o <strong>aleitamento</strong> artificial. A<br />

profissão médica procurou tornar esta nova forma <strong>de</strong> alimentação das crianças “<br />

científica” e segura, e a composição e preparação <strong>de</strong> biberões tornou-se motivo <strong>de</strong><br />

interesse da classe médica.<br />

Normas relacionadas com a frequência das mamadas foram inventadas e<br />

estabelecidas para prevenir problemas da amamentação e cada vez mais as mulheres se<br />

confrontaram com elas à medida que a assistência <strong>ao</strong> nascimento ocorria em meio<br />

hospitalar (Royal College of Midwife, 1994).<br />

A amamentação passou a ser consi<strong>de</strong>rada um processo traumático, porque se<br />

acreditava que a criança chupava o mamilo como se <strong>de</strong> uma tetina se tratasse, e as<br />

mães foram aconselhadas a limitar a duração das mamadas. Erradamente, também os<br />

transtornos digestivos eram atribuí<strong>do</strong>s à crença da sobrealimentação das crianças<br />

amamentadas.<br />

Com a industrialização e a incorporação massiva da mulher no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho, amamentar passou a ser um problema e o biberão liberta<strong>do</strong>r surgiu como a<br />

receita eficaz para conciliar trabalho e cuida<strong>do</strong> infantil.<br />

Também os pensamentos feministas com recusa <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong><br />

contribuíram para que a cultura da amamentação <strong>de</strong>sse lugar à cultura <strong>do</strong> biberão.<br />

Com a mobilização <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> zonas rurais para zonas urbanas e com a<br />

perda da família alargada, as mães encontraram-se perante uma nova realida<strong>de</strong>:<br />

ausência <strong>de</strong> suporte familiar, aliada a um <strong>de</strong>sconhecimento da arte <strong>de</strong> amamentar.<br />

Passada <strong>de</strong> geração em geração, a arte <strong>de</strong> amamentar começou lentamente a<br />

per<strong>de</strong>r-se e os próprios profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> crentes nos benefícios da maternida<strong>de</strong><br />

científica impuseram regras e rotinas que dificultaram a prática <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong>:<br />

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