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O papel do enfermeiro num estudo de adesão ao aleitamento materno

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adiamento da primeira mamada, horários fixos, proibição <strong>de</strong> mamadas nocturnas,<br />

separação <strong>de</strong> mães e bebés e oferta <strong>de</strong> biberões <strong>de</strong> leite artificial como suplemento da<br />

amamentação (Lothrop, 2000; Almeida, 1996; OMS, 1989).<br />

Com a promoção e a prática <strong>de</strong> uma alimentação infantil <strong>de</strong> horário rígi<strong>do</strong> que<br />

indicava a pausa entre tomas <strong>de</strong> biberões, o campo <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong> foi invadi<strong>do</strong><br />

por uma nova tendência, o controle <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> duração das mamadas e <strong>do</strong> intervalo<br />

entre estas. Enfatizadas pela indústria produtora <strong>de</strong> leites, regras da alimentação artificial<br />

invadiram o campo <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong>.<br />

Forma<strong>do</strong>s na tradição científica ávida <strong>de</strong> medição e controle precisos os próprios<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>ram-se às supostas vantagens <strong>do</strong> <strong>aleitamento</strong> artificial, e<br />

tomaram como válidas as recomendações da indústria produtora <strong>de</strong> substitutos <strong>do</strong> leite<br />

<strong>materno</strong>. Com o <strong>aleitamento</strong> artificial era possível pesar, medir e calcular algo que até <strong>ao</strong><br />

momento estava <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da intuição materna. O biberão permitia agora controlar a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento forneci<strong>do</strong> à criança (Lothrop, 2000).<br />

O conceito <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> pelas mães que amamentavam<br />

transformou-se na regra para a preparação <strong>de</strong> biberões e introduziu um novo motivo <strong>de</strong><br />

preocupação para mães e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: a síndrome <strong>de</strong> hipogaláctia 31 . Face à<br />

insegurança exigiam-se soluções rápidas e eficazes que afastassem a responsabilida<strong>de</strong><br />

das mães e <strong>do</strong>s próprios profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o biberão tornou-se o objecto <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>.<br />

No início <strong>do</strong> séc. XX, a espécie humana alterou a sua forma <strong>de</strong> alimentação inicial<br />

com leite <strong>materno</strong> e passou a ser alimentada com leite modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma outra espécie.<br />

Iniciou-se assim o que foi já referi<strong>do</strong> como a experiência não controlada <strong>de</strong> maiores<br />

dimensões alguma vez realizada (Santonja Lucas; Sanz Gal<strong>de</strong>ano, 2003).<br />

O leite <strong>materno</strong> não era mais essencial à sobrevivência da criança e a prática <strong>do</strong><br />

<strong>aleitamento</strong> <strong>materno</strong> entrou em <strong>de</strong>clínio. Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, mais <strong>de</strong> uma geração <strong>de</strong><br />

mulheres não amamentou os seus filhos interrompen<strong>do</strong>-se a transmissão <strong>de</strong><br />

conhecimentos inter geracional, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se toda uma cultura <strong>de</strong> amamentação.<br />

2.2 - AMAMENTAR: ATÉ QUANDO?<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da OMS (2002) em to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> apenas 35% <strong>do</strong>s lactentes são<br />

alimenta<strong>do</strong>s exclusivamente com leite <strong>materno</strong> nos primeiros quatro meses <strong>de</strong> vida,<br />

inician<strong>do</strong>-se a alimentação complementar <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> ce<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> tar<strong>de</strong>.<br />

31 Nos países industrializa<strong>do</strong>s, mais <strong>de</strong> 40% das mães experimentam a síndrome <strong>de</strong> hipogaláctia colectiva, embora em<br />

apenas 5% das mulheres a lactação possa falhar. Na sua origem encontram-se factores socioculturais, pressão publicitária<br />

e erros <strong>de</strong> técnica (Martín Calama; Díaz Gómez; Lasarte Velillas, 2003).<br />

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