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Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...

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aparece em lugar <strong>da</strong> ”ostentação”. Campanhas como esta necessitam <strong>de</strong><br />

textos para justificarem as mu<strong>da</strong>nças comportamentais sugeri<strong>da</strong>s.<br />

O tom <strong>de</strong> voz <strong>da</strong> <strong>de</strong>poente é quem estabelece o peso <strong>da</strong> sua<br />

revelação: sua fala é pausa<strong>da</strong> e carrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> emoção. Conota uma certa<br />

<strong>de</strong>silusão, um <strong>de</strong>sapontamento profundo, transmitido pelo seu olhar.<br />

No momento em que ela revela a circunstância em que <strong>de</strong>scobriu<br />

sua soropositivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o gestual é um signo que reforça ain<strong>da</strong> mais sua<br />

<strong>de</strong>claração: “ Eu <strong>de</strong>scobri <strong>da</strong> pior forma possível: através <strong>de</strong> um exame<br />

médico.” Foi comunica<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma forma impessoal <strong>de</strong> dois acontecimentos<br />

dolorosos, um <strong>de</strong> natureza subjetiva­ a traição­ e outro, objetivo e<br />

<strong>de</strong>sesperador­ a soropositivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ednalva olha para baixo, como se<br />

pu<strong>de</strong>sse reter, naquele momento, to<strong>da</strong> a <strong>de</strong>cepção causa<strong>da</strong> pelo duplo<br />

impacto.<br />

Em análise do discurso, a recorrência ao mesmo traço semântico<br />

ao longo do texto é chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> isotopia. “Ninguém gosta <strong>de</strong> saber que<br />

seu companheiro fez sexo com outra pessoa”. “ Se você tem um caso<br />

fora <strong>da</strong> sua relação” . Esses trechos do <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Ednalva<br />

<strong>de</strong>monstram que a infi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> é o elemento isótopo do Enunciado.<br />

O processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação é suscitado primeiro com a “ mulher<br />

traí<strong>da</strong>”, segundo com a mulher vitima<strong>da</strong> pela AIDS.<br />

É difícil imaginar que alguém, na mais ínfima fração <strong>de</strong> segundo,<br />

queira se colocar no lugar <strong>de</strong>sta moça. As pessoas não querem se<br />

i<strong>de</strong>ntificar com processos <strong>de</strong>sagradáveis e situações dolorosas. A<br />

traição po<strong>de</strong> ser resolvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias formas, po<strong>de</strong> até mesmo ser<br />

ignora<strong>da</strong>, a AIDS, não.<br />

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