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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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status <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento artístico dos filmes, estes adquiriram maior expressivida<strong>de</strong>,<br />

passaram a transmitir novos sentimentos e a <strong>de</strong>senvolver ambientes<br />

diferenciados a partir da escolha das cores. As cores quentes, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

eram usadas nos westerns, enquanto o azul-escuro, o ver<strong>de</strong> e o roxo<br />

passaram a ser uma opção sagaz para os dramas mais intimistas. Com o<br />

advento da tecnologia digital, os recursos pictóricos tornaram-se incontáveis,<br />

assumindo (quase) o caráter <strong>de</strong> outra personag<strong>em</strong> das narrativas fílmicas.<br />

Nas artes visuais, sob a ótica <strong>de</strong> Farina (1986) “A cor não é apenas um<br />

el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong>corativo ou estético. É o fundamento da expressão” (p. 23. Grifo<br />

meu). Por sua vez, Barthes (1984) preconizava que colorir o mundo significa,<br />

<strong>em</strong> última análise, negá-lo, visto que, para ele, a cor é nada mais que “um<br />

ornato postiço, uma maquiag<strong>em</strong> (tal como a que é usada nos cadáveres)<br />

(p.122). Importa-lhe não a “vida” da foto, mas o toque do corpo fotografado,<br />

por meio <strong>de</strong> seus próprios raios. A luz acrescentada <strong>de</strong>pois (a cor) não lhe<br />

parece exercer fascínio. Partindo <strong>de</strong>sta pr<strong>em</strong>issa, chega-se à constatação <strong>de</strong><br />

que à cor, no filme, cabe cumprir uma missão inerent<strong>em</strong>ente psicológica. Ela<br />

<strong>de</strong>ve transpor os liames da mera beleza e a<strong>de</strong>ntrar nos recônditos do sentido.<br />

Ou seja, mais do que ser bela, a cor <strong>de</strong>ve significar. Assim sendo, a presença<br />

dos efeitos cromáticos nas narratologias fílmicas assume uma justificação<br />

expressiva, servindo para dizer o não-dito, coisas que não po<strong>de</strong>riam ser ditas<br />

s<strong>em</strong> a sua intervenção. A cor é ainda o recurso por meio do qual o cin<strong>em</strong>a<br />

constrói mocinhos e vilões, ingênuos e ardilosos. É visualmente que se<br />

compreen<strong>de</strong>m as personalida<strong>de</strong>s e as motivações das personagens. A cor<br />

predominante, tanto nos cenários quanto nos figurinos, t<strong>em</strong> uma significação,<br />

uma motivação, imprimindo mais do que uma variada paleta <strong>de</strong> cores ao filme:<br />

elas possu<strong>em</strong> um efeito psicológico e estão recheadas <strong>de</strong> significações. Em<br />

outras palavras, o cin<strong>em</strong>a, como espaço discursivo, é local <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e, consequent<strong>em</strong>ente, instauração <strong>de</strong> diferenças. Foucault (1996)<br />

trata das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e saber as quais, por meio das instituições,<br />

produz<strong>em</strong> discursos. Estes, por sua vez, dão orig<strong>em</strong> aos processos <strong>de</strong><br />

constituição do sujeito. Nas palavras <strong>de</strong> França (2005),<br />

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