Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Em se tratando da representação da figura do sujeito homossexual,<br />
especificamente falando do espaço do cin<strong>em</strong>a e da televisão, a m<strong>em</strong>ória<br />
discursiva que se teve, até b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po atrás, foi <strong>de</strong> indivíduos<br />
absolutamente afetados, ef<strong>em</strong>inados, exageradamente <strong>de</strong>licados. Não é<br />
possível afirmar com precisão se esse <strong>de</strong>liberado af<strong>em</strong>eamento era<br />
<strong>de</strong>corrente da pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que a “tolerância” social para um hom<strong>em</strong> que se<br />
<strong>de</strong>sviasse <strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> masculino estava condicionada à necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> esse indivíduo assumir uma posição <strong>de</strong> estereótipo da mulher, ou seja, era<br />
necessário supervalorizar a questão <strong>de</strong> gênero <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento à questão<br />
sexual, ou se esses sujeitos homossexuais buscavam tornar-se cada vez mais<br />
f<strong>em</strong>ininos, quer nas suas vestimentas quer nos seus trejeitos ou mesmo no<br />
seu modo <strong>de</strong> falar, porque era preciso imitar as mulheres para po<strong>de</strong>r atrair os<br />
homens.<br />
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O certo é que o cenário midiático do século XXI, e consequent<strong>em</strong>ente a<br />
cena social, viu surgir uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> homossexual. Se antes, no<br />
espaço <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> informação referido, havia a quase “ditadura da<br />
ef<strong>em</strong>inação”, com sujeitos homossexuais caricatos, numa zombeteira busca<br />
por imitar as mulheres, cont<strong>em</strong>poraneamente veículos como o cin<strong>em</strong>a e a<br />
televisão “patrocinam” o surgimento <strong>de</strong> homossexuais mais masculinos. Esses<br />
novos sujeitos são costumeiramente apresentados na companhia <strong>de</strong> amantes<br />
mais ou tão masculinos quanto eles próprios. Talvez <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse<br />
novo tratamento que lhes é dispensado, hoje, mais do que nunca, os<br />
indivíduos homossexuais divi<strong>de</strong>m o mesmo espaço que os <strong>de</strong> orientação<br />
heterossexual. Sendo-lhe visualmente parecidos e fisicamente “bombados 8 ”,<br />
os homossexuais cont<strong>em</strong>porâneos confun<strong>de</strong>m os frequentadores da noite. O<br />
aspecto físico ou o comportamento não são mais suficientes para <strong>de</strong>finir a<br />
orientação sexual do hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno. A<strong>de</strong>pto <strong>de</strong> rigorosos cuidados<br />
estéticos o novo gay ostenta orgulhoso o título <strong>de</strong> gay-hom<strong>em</strong>, ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que expressa certa rejeição aos “frescos”. É exatamente a essa<br />
8 O termo <strong>em</strong> questão é normalmente aplicado ao indivíduo que pratica musculação e t<strong>em</strong> uma<br />
preocupação geralmente excessiva com o seu porte físico. Em alguns casos, costumam fazer uso <strong>de</strong><br />
anabolizantes, “bombas”, daí a <strong>de</strong>nominação.