Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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detalhes, escavando-a nas condutas, flagelando-a nos sonhos, levantando
suspeitas por trás das mínimas loucuras. “Tornou-se a chave da
individualidade: ao mesmo tempo, o que permite analisá-la e o que torna
possível constituí-la” (ibidem, p. 159).
Vivemos em uma sociedade do “sexo” ou de “sexualidade”, assegura
Foucault (2005): “os mecanismos de poder se dirigem ao corpo, à vida, ao
que a faz proliferar, ao que reforça a espécie, seu vigor, sua capacidade de
dominar, ou sua aptidão para ser utilizada. Saúde, progenitura, raça, futuro da
espécie, vitalidade do corpo social, o poder fala da sexualidade e para a
sexualidade; quanto a esta, não é marca ou símbolo, é objeto e alvo” (ibidem,
p.160-161). O poder esboça a sexualidade e dela se apropria, tomando-a
como um sentido cujo controle é sempre necessário ser retomado, a fim de
que não escape. A sexualidade é, assim, um efeito com valor de sentido, diz
Foucault (ibidem, p. 161).
Conforme a ótica foucaultiana, foram os novos mecanismos de poder,
elaborados durante a época clássica e postos em ação no século XIX, que
fizeram a nossa sociedade passar de uma simbólica do sangue para uma
analítica da sexualidade (2005). Para ele, não é difícil perceber que, se há
algo que se encontra do lado da lei, da morte, da transgressão, do simbólico e
da soberania, é o sangue; a sexualidade encontra-se do lado da norma, do
saber, da vida, do sentido, das disciplinas e das regulamentações. Por meio
do controle do sexo, também se pode controlar o corpo do indivíduo e da
sociedade. Desse modo, é possível a administração do rendimento produtivo,
o crescimento da sociedade, a distribuição demográfica e outros pontos da
ordem social. Tudo isso, concorreu para que, no século XIX, a sexualidade se
tornasse referência fundamental no processo de produção das verdades e das
subjetividades dos indivíduos.
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2.4 A sexualidade regulada: controle e interdição em Foucault
Nas relações de poder, a sexualidade não é o elemento mais rígido,
mas um dos dotados de maior instrumentalidade: utilizável no maior
número de manobras, e podendo servir de ponto de apoio, de