Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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econômica máxima, neutralizando, consequent<strong>em</strong>ente, os efeitos da<br />
resistência, ou contra-po<strong>de</strong>r, por meio da diminuição <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
revolta, <strong>de</strong> resistência ou <strong>de</strong> insurreição contra as or<strong>de</strong>ns do po<strong>de</strong>r. Em suma,<br />
torna os homens politicamente dóceis.<br />
Foucault também abordou o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> uma relação específica do<br />
po<strong>de</strong>r que, por meio <strong>de</strong> uma tecnologia própria <strong>de</strong> controle, inci<strong>de</strong> sobre os<br />
indivíduos <strong>em</strong> clausuras e sobre os seus corpos. A esse tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r chamou<br />
<strong>de</strong> disciplina ou po<strong>de</strong>r disciplinar. O pesquisador ressaltou que a disciplina<br />
não equivale a um aparelho ou a uma instituição, dado o fato <strong>de</strong> que atua<br />
como uma re<strong>de</strong> que age s<strong>em</strong> impedimentos <strong>de</strong> fronteiras. É uma técnica, um<br />
dispositivo, um mecanismo, um instrumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. “São métodos que<br />
permit<strong>em</strong> o controle minucioso das operações do corpo, que asseguram a<br />
sujeição constante <strong>de</strong> suas forças e lhes impõ<strong>em</strong> uma relação <strong>de</strong> docilida<strong>de</strong>-<br />
utilida<strong>de</strong>[...]” (1999, p. 17).<br />
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O po<strong>de</strong>r disciplinar trabalha no corpo dos homens, aciona seus<br />
el<strong>em</strong>entos, gera seus comportamentos. Outrossim, proce<strong>de</strong> à distribuição dos<br />
indivíduos através da inserção <strong>de</strong> seus corpos <strong>em</strong> espaço especificado,<br />
classificatório, combinatório. Produz o esquadrinhamento dos sujeitos,<br />
confere-lhes funções, isola-os <strong>em</strong> limites fechados. A diligência, assevera<br />
Foucault, é um dos principais instrumentos <strong>de</strong> controle da disciplina. Não se<br />
trata aqui <strong>de</strong> uma vigilância fragmentada ou <strong>de</strong>scontínua. A vigilância<br />
disciplinar quer e precisa ser vista pelos indivíduos que a ela estão<br />
submetidos, contínua, perpétua e permanent<strong>em</strong>ente. Precisa que a vejam<br />
como onipresente <strong>em</strong> toda a extensão do espaço, qualquer que seja ele.<br />
Deseja ser indiscreta com relação àqueles sobre os quais se exerce e, na<br />
contramão, busca a maior discrição possível da parte <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> a exerce. É um<br />
olhar invisível, do mesmo modo que o era o Panopticon <strong>de</strong> Bentham. Assim,<br />
enquanto o po<strong>de</strong>r da soberania toma forma na imag<strong>em</strong> do soberano que,<br />
justamente por isso, figurava no centro das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, o po<strong>de</strong>r<br />
disciplinar não dispõe <strong>de</strong> centro único <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e tampouco <strong>de</strong> uma figura<br />
única que o personifique. O po<strong>de</strong>r disciplinar encontra-se nas periferias,<br />
distribuído e multiplicado <strong>em</strong> toda parte e ao mesmo t<strong>em</strong>po, materializado nos