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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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todas as suas implicações e o público já sabe como vai-se comportar e agir"<br />

(p. 285).<br />

Parece que é exatamente com essa antecipação do modo <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r<br />

do homossexual que o gay-hom<strong>em</strong> aludido neste estudo rompe. Assim como<br />

as figuras homossexuais protagonistas das duas narrativas fílmicas<br />

anteriormente referidas, o gay do século XXI, consi<strong>de</strong>radas as <strong>de</strong>vidas<br />

exceções, apren<strong>de</strong>u a “ser hom<strong>em</strong>”. Era isso ou eterno exílio nos redutos<br />

marginais. A socieda<strong>de</strong>, ainda que insista <strong>em</strong> afirmar o contrário, parece ter<br />

maior tolerância com homens homossexuais com aspecto varonil. Hoje, por<br />

mais que muitos dos tabus que cercavam o homoerotismo venham, aos<br />

poucos, sendo quebrados, tanto <strong>em</strong> termos sociais quanto na abordag<strong>em</strong> que<br />

a produção audiovisual lhes conce<strong>de</strong>, ufanar-se pelo fim da intolerância<br />

parece-nos ingênuo e muito precipitado. A intransigência da socieda<strong>de</strong> pelo<br />

diferente já se provou cíclica, <strong>em</strong> varias ocasiões. Talvez a intensa<br />

liberalida<strong>de</strong> sexual e a “saída do armário” <strong>de</strong> algumas protagonistas do seio<br />

social sejam as responsáveis por essa adormecer da repressão. Como b<strong>em</strong><br />

afirmou Nazário (2007) “o que triunfa nas telas da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo é<br />

uma forma tolerada <strong>de</strong> erotismo restrito a homossexuais e não<br />

homossexualida<strong>de</strong> livre para ser assumida por qualquer um na meta <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> humana.”<br />

Assim sendo, não é possível afirmar se a busca do gay cont<strong>em</strong>porâneo<br />

por uma faceta mais viril <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> uma disposição voluntária <strong>de</strong> não “dar<br />

pinta” ou se tal preferência <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um preconceito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro<br />

preconceito, já que hoje não há uma acomodação confortável para a “bicha<br />

pintosa”, cujo comportamento reprovável <strong>de</strong>ve ser, preferencialmente,<br />

camuflado ou, no mínimo, contido. Aparent<strong>em</strong>ente, no espaço homossexual<br />

coabitam esses dois tipos <strong>de</strong> gays, o másculo e o af<strong>em</strong>inado, sendo que este<br />

último, dada a sua condição, <strong>em</strong> muitas situações po<strong>de</strong> acabar rechaçado por<br />

sujeitos <strong>de</strong> idêntica orientação sexual.<br />

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A atitu<strong>de</strong> masculinizada do homossexual, e consequente apropriação<br />

<strong>de</strong> uma faceta <strong>de</strong> maior macheza, força uma rejeição da imag<strong>em</strong> clássica da<br />

“bicha afetada”. Tal rejeição parece ser <strong>de</strong>corrente do fato <strong>de</strong> que o mo<strong>de</strong>lo

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