Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software<br />
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.<br />
78<br />
Brasil ainda respirava os resquícios da chamada Revolução <strong>de</strong> 1930, o<br />
movimento armado li<strong>de</strong>rado pelos estados <strong>de</strong> Minas Gerais e Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Sul que culminou com a <strong>de</strong>posição do presi<strong>de</strong>nte paulista Washington Luís,<br />
<strong>em</strong> 24 <strong>de</strong> outubro, e que <strong>de</strong>u início à República Nova. Após a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />
Washington Luís, <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 1930, o Brasil passou a ser administrado por<br />
uma junta governativa, formada pelas Forças Armadas (o Exército e Marinha),<br />
composta pelos generais Tasso Fragoso e Menna Barreto e pelo almirante<br />
Isaías Noronha. Essa junta, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1930, transferiu o po<strong>de</strong>r<br />
governamental para o gaúcho Getúlio Vargas, o lí<strong>de</strong>r político do movimento<br />
conspirador e golpista, e candidato <strong>de</strong>rrotado da Aliança Liberal nas eleições<br />
presi<strong>de</strong>nciais vencidas pelo paulista Júlio Prestes, representante dos<br />
cafeicultores que não assumiu o mandato. Inaugurava-se, assim, a Era<br />
Vargas, que se esten<strong>de</strong>ria até 1945.<br />
Nomeado presi<strong>de</strong>nte, Vargas dissolveu o Congresso, <strong>de</strong>stituiu os<br />
governadores e nomeou interventores <strong>de</strong> sua confiança. Aproveitando-se do<br />
seu quase ilimitado po<strong>de</strong>r, o novo governo começou a praticar políticas <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rnização do país. Dentre essas políticas, <strong>de</strong>staca-se a criação do<br />
Ministério do trabalho, cujo intuito era o <strong>de</strong> regular as relações entre patrões e<br />
<strong>em</strong>pregados. A menina dos olhos da administração getulista, <strong>de</strong> fato, foi a<br />
valorização do mundo do trabalho. Esse parece ter sido um dos fios<br />
condutores das políticas <strong>de</strong> Vargas. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se notava uma<br />
clara fomentação do trabalho, acirravam-se as dificulda<strong>de</strong>s para se conseguir<br />
uma colocação profissional. Faz-se, <strong>de</strong>sse modo, um estreito vínculo entre<br />
trabalho e cidadania. Ou seja, todos os privilégios disponibilizados por aquele<br />
novo Estado voltavam-se, quase exclusivamente, àqueles formalmente<br />
inseridos no mercado <strong>de</strong> trabalho. Era essa, então, a condição para a<br />
cidadania social. A proteção governamental <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados profissionais<br />
estava condicionada ao seu reconhecimento público. Ficava <strong>de</strong> fora das<br />
políticas do Estado uma alvoroçada e crescente multidão <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados.<br />
Assim, aqueles que não trabalhavam ou viviam da informalida<strong>de</strong><br />
achavam-se, mesmo que não explicitamente, fora das políticas do governo. A<br />
era getulista também foi famosa pela truculência da polícia no trato com os<br />
marginais, entendido aqui no sentido estrito da palavra.