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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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clássicos Dona Flor e seus dois maridos, <strong>de</strong> Bruno Barreto, e A dama da<br />

lotação, <strong>de</strong> Neville <strong>de</strong> Almeida.<br />

CAPÍTULO 2 – DO ANORMAL AO SUJEITO HOMOSSEXUAL<br />

2.1 Um olhar sobre a noção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

Embora nunca tenha publicado um livro voltado ao t<strong>em</strong>a do po<strong>de</strong>r, não<br />

é incoerente afirmar que tal t<strong>em</strong>ática, sob diferentes formas, constitui o cerne<br />

da totalida<strong>de</strong> das obras foucaultianas. Ao <strong>de</strong>bruçar-se sobre as questões da<br />

loucura ou da sexualida<strong>de</strong>, sobre as prisões ou sobre os asilos, Foucault<br />

expressava sua preocupação com o po<strong>de</strong>r e os dispositivos por meio dos<br />

quais se instaura no meio social.<br />

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Investigar o que, para Foucault, compreen<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r é, antes <strong>de</strong><br />

qualquer coisa, tomar conhecimento daquilo que não é po<strong>de</strong>r, sob a visão<br />

<strong>de</strong>sse pesquisador. Primeiramente, o po<strong>de</strong>r não é concebido como conjunto<br />

<strong>de</strong> instituições ou aparelhagens com vistas a garantir a sujeição dos cidadãos<br />

comuns a um Estado <strong>de</strong>terminado. Depois, o po<strong>de</strong>r também não correspon<strong>de</strong><br />

a uma regra voltada e válida para todos. Finalmente, não é po<strong>de</strong>r um sist<strong>em</strong>a<br />

geral <strong>de</strong> dominação <strong>de</strong> um sujeito ou grupo <strong>de</strong> sujeitos sobre o corpo social.<br />

Tais informações acerca do que não é o po<strong>de</strong>r apontam para uma não-<br />

equivalência entre ele e o Estado. Para Foucault (1988), “as análises <strong>em</strong><br />

termos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> postular, como dados iniciais, a soberania do<br />

Estado, a forma da lei ou a unida<strong>de</strong> global da dominação; estas são apenas e,<br />

antes <strong>de</strong> mais nada, suas formas terminais” (p. 88). Foucault preconiza a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar o po<strong>de</strong>r fora do âmbito do Estado e <strong>de</strong> suas<br />

instituições, tendo <strong>em</strong> vista que o conceito foucaultiano <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um<br />

olhar que vai além do Estado e busca no micro, e não no macro, os el<strong>em</strong>entos<br />

-moleculares <strong>de</strong> sua manifestação no dia-a-dia. O Estado, segundo ele, não<br />

constitui o âmago e n<strong>em</strong> o centro <strong>de</strong> irradiação do po<strong>de</strong>r, sendo, ao contrário,<br />

ele mesmo “efeito <strong>de</strong> conjunto ou resultante <strong>de</strong> uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

engrenagens e <strong>de</strong> focos que se situam num nível b<strong>em</strong> diferente e que

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