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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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cultura se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> ser uma experiência subjetiva moralmente<br />

<strong>de</strong>saprovada pelo i<strong>de</strong>al sexual da maioria: o da normativida<strong>de</strong> do binarismo<br />

heterossexual/homossexual.<br />

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Nos r<strong>em</strong>otos t<strong>em</strong>pos helênicos, o homossexual era tido como<br />

pe<strong>de</strong>rasta. A pe<strong>de</strong>rastia, nessa época, baseava-se numa relação amorosa e<br />

sexual, com ou s<strong>em</strong> penetração, entre dois homens, com papeis b<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>limitados: um adulto (eraste) era o iniciador; um adolescente (erômenos),<br />

entre doze e <strong>de</strong>zoito anos, era o aluno, o aprendiz. Na Antiguida<strong>de</strong> grega, a<br />

pe<strong>de</strong>rastia não somente era permitida como era essencial ao funcionamento<br />

das pólis, tendo uma função normatizadora. A relação <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>rastia mantida<br />

entre o mestre e seu aprendiz não excluía <strong>de</strong> forma alguma a relação com as<br />

mulheres, uma vez que, sobre ela, repousava a or<strong>de</strong>m reprodutiva. Em outras<br />

palavras, aquele tipo <strong>de</strong> vínculo tinha função meramente iniciática e apenas<br />

os homens tinham direito <strong>de</strong> praticá-la. Se o hom<strong>em</strong>, entretanto, recusava-se<br />

a manter contato com as mulheres, passava a ser visto como um anormal, e<br />

seu ato era con<strong>de</strong>nado, por ser atentatório contra as regras da pólis e da<br />

instituição familiar. Assim, vituperava-se não o sodomita, mas aquele que, por<br />

sua inclinação, recusava as leis matrimoniais e <strong>de</strong> filiação. Na Grécia Antiga,<br />

não existia um só sexo, pelo menos não um especificado conforme nossos<br />

hábitos linguísticos. Existiam as afrodisias, que eram os prazeres, e vários<br />

eros, que se manifestavam das mais diversas formas: entre homens e<br />

homens; entre mulheres e mulheres; entre homens e mulheres, até mesmo<br />

entre humanos e el<strong>em</strong>entos da natureza, como a chuva, o vento<br />

Na época cristã, os primeiros relatos sobre o homoerotismo <strong>de</strong> que se<br />

t<strong>em</strong> informação, supostamente r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos t<strong>em</strong>pos da Bíblia, a base moral<br />

<strong>de</strong> diversas religiões monoteístas. Segundo estudiosos, nesse livro, é possível<br />

encontrar, no mínimo, três referências a atos homossexuais. Duas <strong>de</strong>las se<br />

encontrariam no Velho Testamento, no livro <strong>de</strong> Levítico. Na primeira (Levítico<br />

18:22), Moisés, tradicionalmente tido como autor do livro, exorta aos levitas,<br />

ressaltando que: “Com varão não te <strong>de</strong>itarás como se fosse mulher:<br />

abominação é.” Em seguida, alguns capítulos adiante (20:13), <strong>de</strong> novo, a<br />

mesma exortação: “Quando também um hom<strong>em</strong> se <strong>de</strong>itar com outro hom<strong>em</strong>

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