Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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<strong>de</strong> docilização, à expansão da capacida<strong>de</strong> produtiva do indivíduo e <strong>de</strong> suas<br />
aptidões, além <strong>de</strong> sua integração a eficazes sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> controles.<br />
Correspon<strong>de</strong> às disciplinas: anátomo-política do corpo humano. Por volta da<br />
meta<strong>de</strong> do século, <strong>em</strong>erge o segundo polo, <strong>de</strong>sta vez centrado no corpo-<br />
espécie, “no corpo transpassado pela mecânica do ser vivo e como suporte<br />
dos processos biológicos: a proliferação, os nascimentos e mortalida<strong>de</strong>, o<br />
nível <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a duração da vida, a longevida<strong>de</strong>, com todas as condições<br />
que po<strong>de</strong>m fazê-los variar ” (ibi<strong>de</strong>m, p. 152). Expressam-se uma série <strong>de</strong><br />
controles reguladores: uma bio-política da população.<br />
Inicia-se assim uma cuidadosa busca pela administração dos corpos e<br />
pela gerência calculista da vida. Assomam técnicas variadas e abundantes<br />
com vistas à obtenção da sujeição dos corpos e controle da população.<br />
Irrompe, assim, a era <strong>de</strong> um biopo<strong>de</strong>r. A nova técnica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r volta-se para a<br />
vida dos homens, não mais ao hom<strong>em</strong>-corpo, mas ao hom<strong>em</strong> vivo, ao hom<strong>em</strong><br />
ser vivo; <strong>em</strong> termo, ao hom<strong>em</strong>-espécie. Enquanto a disciplina tenta dirigir a<br />
diversida<strong>de</strong> dos homens, uma vez que essa diversida<strong>de</strong> encaminha-se (e<br />
<strong>de</strong>ve encaminhar-se) para a individuação dos corpos, a nova tecnologia<br />
dirige-se aos homens como massa global, “afetada por processos <strong>de</strong> conjunto<br />
que são próprios da vida... como o nascimento, a morte, a produção, a<br />
doença, etc.” (FOUCAULT, 1999, p. 288).<br />
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A biopolítica da espécie humana constitui os processos <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> longevida<strong>de</strong> como seus primeiros alvos. Volta-se também<br />
para a doença como fenômeno <strong>de</strong> população. Não se trata mais da morte que<br />
se lança sobre a vida, a morte epidêmica, mas a morte permanente,<br />
sorrateira, diminuidora da vida, sugadora <strong>de</strong> suas forças. O biopo<strong>de</strong>r lança<br />
seu olhar também para o indivíduo incapacitado, invalidado, para as<br />
enfermida<strong>de</strong>s, para as anomalias diversas. A nova técnica introduz sutis e<br />
racionais mecanismos <strong>de</strong> seguros, <strong>de</strong> poupança individual e coletiva, <strong>de</strong><br />
segurida<strong>de</strong>... “A biopolítica lida com o corpo múltiplo, corpo com inúmeras<br />
cabeças, se não infinito pelo menos necessariamente numerável. [Lida com a]<br />
população”, como probl<strong>em</strong>a político, científico e biológico (ibi<strong>de</strong>m, p. 292). Em<br />
última instância, essa técnica centrada na vida, pensa os indivíduos como