Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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Código Hays 6 , uma espécie de censor e guardião da moral e dos bons
costumes.
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Em 1948, ainda sob a censura do Código, o mestre do suspense, Alfred
Hitchcock, por meio de Rope, mostra a camuflada relação de dois amigos que
tramam a morte de um terceiro e festejam ao redor do seu corpo, oculto em
um baú. Nos anos 50, o que se viu foi uma série de produções em que
personagens, na tentativa de não parecer homossexual, escondiam-se por
detrás de comportamentos rudes e agressivos, no caso dos homens, ou de
extrema feminilidade, no caso das mulheres. É o que se constata em filmes
como Young man with a horn, Rebel without a cause e Tea and sympaty. Há
ainda quem veja na intensidade presente nos diálogos entre os protagonistas
do clássico Ben Hur uma clara demonstração do homoerotismo dos dois.
Os anos 60 presenciam o fim da censura imposta pelo Código Hays e
também uma busca pela punição dos homossexuais. Em The children hour,
por exemplo, a personagem de Shirley MacLaine, atormentada por sua
condição gay, comete suicídio, não sem antes passar por intensas doses de
sofrimento. Já no fim da década de 1960 e início de 1970, surgem os
primeiros ecos dos movimentos feministas e de negros, nos Estados Unidos.
Nessa época, com o incidente em Stonewall, despontam os movimentos gays
e uma calorosa luta pelo direito a uma sexualidade diferente.
Cabaret, 1974, do diretor Bob Fosse, com Liza Minelli no elenco, é o
primeiro filme a consagrar os homossexuais no cinema. Os anos 80, por meio
da liberação sexual iniciada na década anterior, e na figura de ícones das
comunidades gays, como Madonna, Elton John e do excêntrico Boy George,
trouxeram organização política e uma espécie de agremiação para o universo
gay. Filmes como The color purple, de 1985, trataram com olhar menos
6 Criado pela associação de produtores cinematográficos dos Estados Unidos (MPAA) descrevia o
que era considerado moralmente aceitável. Foi escrito por um dos líderes do Partido Republicano da
época, William H. Hays, um dos principais membros do MPAA. O código foi aplicado desde 1934 até
que foi abandonado em 1967, para dar lugar ao novo sistema Classificação por idade da associação.
Entre os seus princípios gerais, destacavam-se três: não era autorizada a produção de filmes que
pudessem rebaixar o nível moral dos telespectadores; nunca se conduzirá o telespectador a tomar
partido pelo crime, o mal ou o pecado; e os modos de vida descritos nos filmes serão corretos,
respeitando-se as exigências particulares do drama e do espetáculo. A lei, natural ou humana, não
será ridicularizada e a simpatia do público não recairá sobre aqueles que a violentam.