Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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si, na busca por legitimar-se no seio social. A identidade “só nos é revelada
como algo a ser inventado, e não descoberto; como alvo de um esforço, um
objetivo; como uma coisa que precisa ser construída do zero” (e pela qual
temos lutar para) “protegê-la lutando ainda mais...”, sintetiza Bauman (2005,
p. 21-22).
Para ser portador de uma identidade, o sujeito precisa reconhecer
aquilo que ele não é. Precisa reconhecer-se no diferente. E quando a
natureza ou condição do que é outro, isto é, quando se é interpelado por uma
alteridade que “não é exatamente” como deveria ser, instintivamente a
rejeitamos, porque ela ameaça a ordem estabelecida.
Sendo fruto das relações sociais, não seria equívoco admitir, então,
que a identidade do sujeito é um efeito das relações de saber/poder a que
esse sujeito está subjacente, visto que o poder se exerce em todas as esferas
da sociedade. Por ele, os indivíduos submetem e são submetidos. Em
verdade, somos consequência da atuação de múltiplos poderes, emanados de
múltiplas instituições, tais como: família, escolas, universidades, igrejas e, na
pós-modernidade, daquele que talvez seja o maior e mais eficiente de todos: a
Mídia. O poder instaura-se sobre os indivíduos, na forma de saberes,
sujeitando-os às normas, princípios e preceitos que dele advêm. Tratando
disso, Foucault (2005) refere-se a uma nova “economia” do poder, isto é,
“procedimentos que permitem fazer circular os efeitos de poder de forma ao
mesmo tempo contínua, ininterrupta, adaptada e ‘individualizada’ em todo o
corpo social.” (p. 6)
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Por serem frutos de relações entre sujeitos, as identidades não são
simplesmente definidas: elas são impostas e não convivem harmoniosamente;
elas são disputadas, em embates hierárquicos. Bauman (op. cit.) vai mais
além. Para o sociólogo polonês, a identidade reside no campo das batalhas,
sendo esse seu lar natural. “Ela só vem à luz no tumulto da batalha, e dorme e
silencia no momento em que desaparecem os ruídos da refrega” (p. 83-84).
No entendimento desse pensador, a faca da identidade pode ser brandida, de
um lado, por um único indivíduo, por um grupo menor e mais fraco, e de outro,
por um grupo maior e mais forte, o que o torna força ameaçadora ante o fraco