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Jansenismo e antijansenismo nos finais do antigo regime<br />

sua graça lhe háde fazer cumprir a fim de que por ellas se salvem; e aquelles a quem não predestinou,<br />

não lhe preparando estas boas obras, recuzando lhe a graça para isso, que outra coiza hão de<br />

commetter senão peccados e então pellos seos peccados se condemnão.<br />

D. E como hé que Deos executa em nós o decreto de sua predestinação?<br />

R. O Apostolo no lo explica nestes termos: Aquelles a quem predestinou-hos et vocavit; e aquelles<br />

a quem chamou-hos et glorificavit.<br />

D. E de que modo todos aquelles a quem Deos predestinou hão de infallivelmente ser justificados<br />

e morrer na Justiça?<br />

R. Deos todos aquelles a quem predestinou também desde logo lhes preparou todas as graças<br />

e auxílios precizos para viverem e morrerem santamente.<br />

D. E essa doutrina da Predestinação hé mesmo de S. Paulo?<br />

R. Nada mais expresso nas suas Epistolas, especialmente na Epistola ad Romanos.<br />

D. E esta doutrina devemos têlla como certa?<br />

R. Sim. São palavras de S. Agostinho: Ninguém pode sem erro combater esta Predestinação, que nós<br />

cremos e defendemos como conforme à Scriptura Santa. Hoc scio neminem contra istam praedestinationem,<br />

quam secundum scripturam defendimus, nisi errando disputare potuisse (De dono pers. c.19).<br />

Que coisa seja Graça<br />

D. Que hé o que entendeis por Graça?<br />

R. Graça são geralmente todos os benefícios ou dons assim exteriores como interiores que<br />

recebemos de Deos sem os ter merecido.<br />

D. Que coisa são graças exteriores?<br />

R. São por exemplo a vida, a saude, as forças e todos os outros dons naturaes do corpo e do<br />

espirito, as commodidades da vida e os outros bens temporaes; os sacramentos, a palavra de Deos,<br />

as instruções, os bons conselhos, as exhortações, as correcções, o bom exemplo, etc.<br />

D. E por que se lhe chama graças exteriores?<br />

R. Porque todos estes dons são exteriores à nossa vontade e de si não têm virtude alg ~ ua de a<br />

rectificar; antes são dons de que ella livremente pode usar para bem e para mal.<br />

D. E essas graças exteriores vêm-nos todas dos merecimentos de Jesus Christo?<br />

R. Os dons naturaes e bens temporaes que nos são communs com os animais e são communs<br />

aos bons e maos, nem sempre vêm dos merecimentos de Jesus Christo.<br />

D. Logo alg ~ uas vezes dahi provêm?<br />

R. Sim, porque quando Deos os dá aos seos escolhidos devem-se então reputar como effeitos<br />

da sua predestinação, pois que Deos os faz servir então como de meios para os salvar.<br />

D. E as outras graças exteriores como instituição de sacramentos etc. vêm-nos dos merecimentos<br />

de Christo?<br />

R. Sem duvida, e estes dons, ainda que exteriores, são de ordem superior.<br />

D. E hé destas graças exteriores que se diz: que sem a graça de Deos nada podemos e com ella<br />

podemos tudo?<br />

R. Não, porque força nenh ~ ua da natureza e nenhum desses dons, que não movem interiormente<br />

a vontade, são sufficientes para lhe fazer amar o bem, ou aborrecer o mal.<br />

D. Que coisa são graças interiores?<br />

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