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Jansenismo e antijansenismo nos finais do antigo regime<br />

lio, sobre os depósitos, etc. são os mesmos de Van-Espen. Exactamente como, um pouco<br />

mais tarde, D. Fr. Caetano Brandão, Arcebispo de Braga (1790-1805), o qual também condena<br />

os pecúlios e cita Van-Espen como autoridade nesta matéria 31 .<br />

b) Luta contra o probabilismo e o molinismo<br />

D. Fr. Inácio traça uma breve história do probabilismo e combate-o duramente. Para<br />

o carmelita o probabilismo é um «monstro» que esteve muito tempo no berço, mas no<br />

século XVII invadiu as Escolas dos casuístas. É a primeira época do probabilismo, «época<br />

infeliz» que teve início em 1577. Na época seguinte (1620-1656), o probabilismo encontrou<br />

defensores e propugnadores, sobretudo nos extintos jesuítas. Foi a época alta desta corrente<br />

moral. Em seguida começa a desenhar-se a reacção contra a moral relaxada. Cândido Philaleto<br />

(André Branco) foi o primeiro. Gregório de Esclapes fez um catálogo das opiniões<br />

laxas do probabilismo e D. João de Palafox escreveu uma carta ao Papa Inocêncio X na qual<br />

lhe pede intervenha no sentido de pôr fim a tal laxidão. O golpe mais profundo vibrado no<br />

probabilismo veio de Pascal quando, sob o nome de Luís de Montalto, publicou as famosas<br />

Cartas a um Provincial. O Papa Alexandre VII, a pedido de vários Pastores, condenou<br />

em 1665 28 proposições extraídas dos livros dos probabilistas e, no ano seguinte, condenou<br />

mais 17. Além disso, reprova o probabilismo como doutrina contrária à Escritura<br />

Sagrada e aos Santos Padres, pondo fim à «idade de ouro» do sistema 32 .<br />

Em Portugal é, sobretudo, na segunda metade do século XVIII que se acentua a luta<br />

contra o probabilismo. Sobre o tema publicaram vários Bispos cartas pastorais. Em 1770 o<br />

Bispo da Guarda, D. Bernardo de Melo Osório, junta o molinismo com o probabilismo e<br />

representa-os como «duas cloacas infectas». Um corrompeu a Teologia dogmática da Igreja<br />

e dos Santos Padres; outro corrompeu a Moral. O molinismo renovou os erros dos semipelagianos;<br />

o probabilismo gerou seguidores de Epicuro. Conspurcaram ambos as fontes<br />

puras da fé – a Sagrada Escritura e a Tradição. O Probabilismo – continua o Bispo – foi a<br />

fonte funesta do relaxamento dos nossos casuístas e o molinismo introduziu o pirronismo<br />

nas questões da fé.<br />

Segundo D. Francisco de Lemos, Governador do Bispado de Coimbra, numa Pastoral<br />

do mesmo ano, os probabilistas subverteram a Fé, a Moral e a disciplina da Igreja, pelas<br />

subtilezas extravagantes da sua Escolástica. Perturbaram a fé de muitos, originaram uma<br />

multidão de sectários, de autoproclamados filósofos, de incrédulos, de libertinos, que pretenderam<br />

abalar os alicerces da fé cristã e destruí-la nos seus fundamentos. O seu sistema,<br />

fundado apenas na sua imaginação e suas fantasias, lançou a dúvida sobre o que há de mais<br />

certo e sagrado, perverteu as regras de conduta, encobrindo sob falsas aparências, os excessos<br />

mais perigosos, e introduziu no sacramento da Penitência uma indulgência fatal ao que<br />

31 Pastorais e outras Obras de Fr. Caetano Brandão, p. 54, nota 1.<br />

32 DELUMEAU, Jean – L’aveu et le pardon. Les difficultés de la confession XIII-XVIII siècle. Fayard, 1990, p. 133 ss.<br />

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