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Jansenismo e antijansenismo nos finais do antigo regime<br />

penitente que a recebe. Além disso, como Mestres, Juízes e Médicos dos seus penitentes, os<br />

confessores não consintam que estes comunguem sempre que se confessam. Assim como<br />

o concílio de Trento deixa á sua prudência o uso da comunhão frequente, assim também<br />

fica aos seu prudente arbítrio o unir e o desunir estes dois sacramentos, de maneira que<br />

nem sempre se recebam ambos. Mais. A privação da Eucaristia faz as vezes da penitência,<br />

e muitos teólogos mandam impô-la por faltas leves, quanto mais por faltas graves.<br />

A doutrina que acabamos de expor – continua o Bispo – é de muita utilidade, porque,<br />

além de servir de pena o não comungar, levanta aquelas suspeitas que por vezes terão servido<br />

para profanar o venerável sacramento da reconciliação.<br />

f) Atricionista ou contricionista?<br />

Sobre o tão discutido problema da suficiência ou insuficiência da atrição para a justificação<br />

do pecador, diz D. Fr. Inácio que a atrição é uma dor sobrenatural de uma ordem<br />

inferior e de uma espécie imperfeita, porque é causada pelo medo das penas do inferno ou<br />

por causa da torpeza do pecado. A atrição, ou contrição imperfeita, pode dispor o pecador<br />

para a justificação pela absolvição sacramental, mas só quando inclui uma conversão sincera<br />

para Deus, e, portanto, um princípio de amor acompanhado de confiança. Evitava<br />

assim a crítica de Pascal à moral dos jesuítas, segundo a qual era possível alcançar a salvação<br />

sem um único acto de amor de Deus. Contudo, devia o penitente procurar sempre a<br />

contrição perfeita pela sua excelência e merecimento 41 . O pároco deve certificar-se por<br />

todos os meios possíveis da conversão dos pecadores. «É necessário que, antes de tudo, lhes<br />

faça praticar as obras de uma penitência proporcionada à grandeza e à qualidade das suas<br />

culpas, e pô-los em uma vida regular, aplicada e cheia de exercícios de piedade e principalmente<br />

aplicá-los a acções contrárias aos maus costumes que tinham.<br />

Fora de um caso de necessidade, não deve o pároco ouvir a um grande pecador, que<br />

pede com grande instância ser já admitido à mesa da comunhão. Este desejo é desordenado<br />

e é sinal de falta de humildade. Este pecador, como diz Santo Ambrósio, não procura tanto<br />

desligar-se a si dos pecados, como ligar ao seu confessor, do qual encarrega a consciência,<br />

sem purificar a sua; porque é proibido lançar o pão aos cães e as pérolas aos porcos, isto é,<br />

a Eucaristia aos imundos.<br />

Esta é a prática da Igreja e o pároco deve fazer entender aos pecadores que ele lhes<br />

dilata a absolvição para seu maior bem. Achar-se-iam muito poucos, diz o Clero de Roma,<br />

à comunhão. A disposição exigida para se receber este sacramento é tão grande que é aconselhável aos Padres não o ministrarem<br />

aos pecadores senão após longo tempo de penitência (cap. XIII). Vide Dictionnaire de Spiritualité, tomo I, col. 881-887.<br />

41 Idéa de hum perfeito Parocho, tomo III, p. 245. «Segundo os laxistas um medo serviliter servilis pode bastar para receber a<br />

absolvição no sacramento da penitência. Mas o que os jansenistas não queriam aceitar era um medo, um puro medo de Deus<br />

sem nenhuma ideia de algum amor de Deus. Sempre pretenderam que, se havia medo, devia também haver ao menos um<br />

começo de amor de Deus». CEYSSENS – Actes du Colloque sur le jansénisme. Lovaina, 1777, p. 61.<br />

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