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Jansenismo e antijansenismo nos finais do antigo regime<br />

Pimentel, decano da Universidade e Cónego Magistral de Évora, o Cónego Regrante,<br />

D. Leonardo de Almeida, defendeu uma tese na qual combate a moral relaxada dos casuístas<br />

que tem origem na doutrina da probabilidade. «O Reino das opiniões prevaleceu de tal<br />

modo entre estes maus moralistas que não há acção criminosa que não tenha a sua apologia».<br />

Estão muito longe da simplicidade do Evangelho e da doutrina dos Santos Padres.<br />

D. Leonardo opõe ao sistema dos probabilistas estas três proposições:<br />

1 – Não é permitido seguir a opinião menos provável que favoreça a liberdade, de<br />

preferência à que é mais provável;<br />

2 – Não é permitido seguir a opinião menos segura que favoreça a liberdade, de preferência<br />

à que é igualmente provável e mais segura;<br />

3 – Pode-se, todavia, seguir a opinião mais provável, embora menos segura, a não ser<br />

que se trate das coisas que são de necessidade de meio ou daquelas onde nem a<br />

ignorância invencível nem a maior probabilidade servem de nada.<br />

Outro Cónego Regular de Santa Cruz, D. António da Visitação, defendeu no colégio<br />

da Sapiência de Coimbra, sob a orientação de D. Francisco da Mãe de Deus, duas teses<br />

sobre as Regras dos costumes nas quais critica o relaxamento da moral devido ao probabilismo<br />

e à temeridade de um grande número de casuístas. Contra este relaxamento estabelece<br />

quinze princípios baseados na Escritura e na Tradição. Com o abandono destes fundamentos<br />

da nossa Fé, «introduziram-se estas opiniões monstruosas, estas cloacas de erros,<br />

estes sistemas pirrónicos, que subverteram a Moral e desfiguraram toda a Teologia» 38 .<br />

d) A corrente rigorista: sacramento da Penitência<br />

Entre as preocupações dos Bispos na formação dos párocos estava a administração do<br />

sacramento da Penitência. Largas páginas dedica D. Fr. Inácio a este assunto. Algumas<br />

obras de Moral foram traduzidas para a língua portuguesa 39 . A mesma preocupação esten-<br />

livre arbítrio, mas produz efeito pela força intrínseca sem ferir a liberdade. Até aqui parece estarmos em presença de um verdadeiro<br />

discípulo de Santo Agostinho. Só que admite também uma Graça suficiente (o que Jansénio não admite) e não<br />

esconde que o seu objectivo é o de contradizer a doutrina de Jansénio condenada nas duas primeiras das cinco proposições<br />

censuradas por Inocêncio X na Bula Cum occasione (1653).<br />

Outra tese em que Jansénio é contraditado é a de D. Joaquim Urbano de Albuquerque que escreve: «Nós sustentamos contra<br />

o sentimento de Jansénio que a ignorância dos preceitos, mesmo de direito Natural, desde que seja invencível, escusa de<br />

pecado, depois da queda do nosso primeiro pai» (Nouvelles Ecclésiastiques, de 16 de Janeiro de 1783.)<br />

38 Nouvelles Eclésiastiques de 16 de Janeiro de 1783.<br />

39 Exemplos:<br />

Francisco Larraga, Summa ou Promptuario de Teologia Moral. Foi traduzida por três vezes em português.<br />

António Godeau, Bispo de Vença, Theologia Moral para uso dos párocos e mais sacerdotes, Lisboa, 1771; 3 volumes.<br />

Jacob Besombes, Summa de Theologia Moral… 1791, 4 tomos;<br />

Fr. Fulgencio Cuniliate, Summa de Theologia Moral… 1799, 6 tomos.<br />

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