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Jansenismo e antijansenismo nos finais do antigo regime<br />
R. Jesus Christo mesmo nos diz que hé o mysterio impenetravel da Predestinação divina; nesse<br />
mesmo lugar onde explicando a razão porque erunt primi novissimi, et novissimi primi diz – Quia<br />
multi sunt vocati; pauci vero electi.<br />
Esta mesma doutrina hé o fundamento solido da nossa confiança em Deus.<br />
D. Se o viver em temor da propria salvação hé h ~ ua virtude christãa, pode-se dizer que o seja<br />
também a confiança que devemos ter ou pode-se ligar h ~ ua com a outra?<br />
R. Sim. Porque se Deos quer que temamos sempre por causa da consideranção (sic) por h ~ ua<br />
parte dos seos incomprehensiveis juizos e da nossa extrema fraqueza e miseria pela outra, hé porque<br />
quer toda a nossa confiança esteja na sua misericordia e na força e efficacia da sua graça.<br />
D. Sobre que se pode fundar essa confiança que Deos exige de nós?<br />
R. Sobre esta verdade que nenhum dos predestinados perecerá nem pode perecer.<br />
D. Que certeza tendes vós disso?<br />
R. Aquella mesma que Jesus Christo nos dá: Omne quod dedit mihi Pater ad me veniet, et eum, qui<br />
venit ad me, non ejiciam foras: Em outro lugar fallando das suas ovelhas, isto hé, dos seos escolhidos, diz:<br />
Oves meae… non peribunt in aeternum, et non rapuit eas quisquam de manu mea (Joan. 10, 28).<br />
D. E de que modo fortificou Jesus Christo a confiança dos seos discipulos quando em termos<br />
claros lhes predisse a queda e traição de Judas?<br />
R. Com esta mesma verdade dizendo-lhes: Ego scio quos elegi.<br />
D. Não funda Jesus Christo tambem a nossa confiança sobre a força e efficacia da sua Graça?<br />
R. Sim, quando lhes segura que todos aquelles a quem seo Pai ensina vêm a elle: Omnis qui<br />
audivit a Patre, et didicit, venit ad me.<br />
D. O Apostolo S. Paulo estabelece tambem a nossa confiança sobre estas verdades?<br />
R. Sim; estabelece-o sobre a nossa impotência para todo o bem e sobre a força que nos vem<br />
de Deos – Fiduciam talem habemus per Christum ad Deum; non quod sufficientes simus cogitare aliquid<br />
a nobis, quasi ex nobis, sed sufficientia nostra ex Deo est (2 Cor. c. 3.4.).<br />
D. E não o estabelece elle tambem sobre o decreto da Predestinação?<br />
R. Sim, e fortissimamente. Porque escrevendo aos Fieis de Roma elle lhes dá como principio<br />
certo que – Omnia diligentibus Deum cooperantur in bonum; iis qui secundum propositum vocati sunt<br />
sancti. E quer que Thimotheo tenha como regra certa que o solido fundamento de Deos se conserva<br />
firme, tendo por sello esta verdade – Novit Dominus qui sunt ejus.<br />
D. Não era argumento que antigamente se fazia contra esta doutrina da Predestinação que ella<br />
tirava a confiança e conduzia à desesperação?<br />
R. Sim, era. E quem assim argumentava contra Santo Agostinho, o qual sustentava a Fé da<br />
Igreja sobre este mysterio erão os herejes, aos quaes elle respondia – Que tão longe estava disso, que<br />
antes nós deveríamos desesperar da nossa salvação, se ella estivesse entre as nossas mãos. Mas que a<br />
nossa esperança hé fortissimamente apoiada, quando a pomos toda em Deos, na força da sua Graça<br />
e na immutabilidade dos seos decretos.<br />
A oração fundada sobre a doutrina da Graça<br />
D. A necessidade de orar e de nos darmos à oração hé também fundada sobre a necessidade<br />
da Graça?<br />
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