05.06.2013 Views

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O RETORNO DO BARÃO DO RIO BRANCO AO BRASIL: A LEITURA DA IMPRENSA<br />

a Revolução Federalista, somadas à luta pelo poder em diferentes<br />

esta<strong>do</strong>s, haviam contribuí<strong>do</strong> para uma inflação galopante agravada, a<br />

partir de 1896, pela crise <strong>do</strong> café. O recurso ao funding loan (1898)<br />

para atender aos compromissos externos e apoiar o plano de<br />

estabilização financeira interna frustrou as expectativas de algumas<br />

oligarquias regionais, o que levou a um clima de grande enfrentamento<br />

político. As eleições para a Câmara e o terço <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> no final de<br />

1900, com a aplicação da “política <strong>do</strong>s governa<strong>do</strong>res”, agravou o já<br />

conturba<strong>do</strong> ambiente político, quan<strong>do</strong> através das alterações feitas no<br />

Regimento da Comissão de Verificação de Poderes o governo procurou<br />

aparar as arestas com as oligarquias <strong>do</strong>minantes, garantin<strong>do</strong> seu apoio.<br />

Ao final <strong>do</strong> governo de Campos Sales, nem a crise política, nem<br />

a crise econômica estavam satisfatoriamente resolvidas. A inflação<br />

fora contida, mas a classe média e os trabalha<strong>do</strong>res enfrentavam a<br />

alta <strong>do</strong> custo de vida, além da crise industrial e comercial de 1900. As<br />

dissidências oligárquicas nos esta<strong>do</strong>s engrossavam as fileiras de<br />

oposição ao governo que se tornava cada vez mais impopular.<br />

Ante esse quadro de crise generalizada, o tão festeja<strong>do</strong> retorno<br />

<strong>do</strong> Barão ao Brasil transformava-se, para alguns jornais, em um meio<br />

para atingir o governo. O Pharol, de Juiz de Fora, em 4/12/1902,<br />

especialmente, foi bastante contundente em seus comentários. Chegava<br />

a conjeturar que o Barão talvez até se arrependesse por ter volta<strong>do</strong><br />

ao país:<br />

Acostuma<strong>do</strong> a discutir os mais transcendentes assuntos, afeito a vencer<br />

questões como as <strong>do</strong> Amapá e Missões, o novo Ministro vai passar pela<br />

sensaboria de se ver envolvi<strong>do</strong> nas questiúnculas de politicagem, aborreci<strong>do</strong><br />

pelos peditórios de empenho, descen<strong>do</strong>, pois, [...] até ao deplorável terra à<br />

terra em que se debatem, em prélios liliputianos, os governichos que a<br />

fraude das urnas não cessa de nos dar...<br />

As acusações <strong>do</strong> jornal continuavam visan<strong>do</strong> o círculo político:<br />

“o engrossamento de um la<strong>do</strong>, o interesse de corrilhismo de outro; no<br />

centro, a presidência <strong>do</strong> país a manter as poderosas oligarquias nos Esta<strong>do</strong>s”.<br />

Por fim, concluía O Pharol : “O Barão <strong>do</strong> Rio Branco, se é o espírito<br />

superior de que tem da<strong>do</strong> mostras, há de se sentir, convenci<strong>do</strong> de si<br />

para si, que passou por tremenda decepção, e que o seu Brasil não é<br />

a terra de outros tempos.”<br />

105

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!