Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O RETORNO DO BARÃO DO RIO BRANCO AO BRASIL: A LEITURA DA IMPRENSA<br />
Cria<strong>do</strong> o impasse, o caso foi encaminha<strong>do</strong> para arbitramento <strong>do</strong><br />
Presidente Grover Cleveland, <strong>do</strong>s EUA. Como delega<strong>do</strong> brasileiro junto<br />
à Missão Especial em Washington, coube ao Barão redigir a Exposição<br />
que apresentava os direitos brasileiros sobre o território litigioso. Graças<br />
a um minucioso e erudito trabalho, acompanha<strong>do</strong> de uma<br />
impressionante coleção de <strong>do</strong>cumentos e mapas, a sentença <strong>do</strong><br />
Presidente norte-americano foi favorável ao Brasil. Começava, a partir<br />
de então, o Barão a ganhar brilho próprio. A repercussão no Brasil da<br />
vitória obtida foi imensa, sen<strong>do</strong> divulgada fartamente pela imprensa<br />
que não poupou elogios ao Barão, contribuin<strong>do</strong> assim para criar um<br />
clima de euforia nacional.<br />
O crédito estava da<strong>do</strong>; ao deixar Washington e voltar para Paris,<br />
em 1895, já recebia duas novas missões: examinar os limites <strong>do</strong> Brasil<br />
com a Guiana Francesa e discutir com o governo britânico a posse da<br />
ilha de Trindade. Em ambas, a competência de Rio Branco foi<br />
amplamente reconhecida. Para a primeira redigiu Memórias que<br />
solidificariam seu prestígio como profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r de geografia e<br />
direito internacional. Basea<strong>do</strong> nessas Memórias, o Presidente <strong>do</strong> Conselho<br />
Federal Suíço, Walter Hause, garantiu ao Brasil, em 1900, o limite com<br />
a Guiana Francesa no rio Oiapoque; para a segunda questão, redigiu<br />
uma série de cartas ao ministro brasileiro em Londres, João Artur de<br />
Souza Correia, encarrega<strong>do</strong> de discutir com os ingleses a posse de<br />
Trindade. Em 1896, finalmente, os ingleses desistiram de Trindade.<br />
Ainda em relação à Inglaterra, Rio Branco escreveu uma Memória<br />
sobre a Questão de Limites entre os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil e a<br />
Guiana Britânica que serviu de base para argumentação usada por<br />
Joaquim Nabuco na discussão mantida para decidir os limites entre o<br />
Brasil e a Guiana.<br />
A notoriedade adquirida pelo Barão não ficou circunscrita ao meio<br />
oficial. 4 É ainda Lins que esclarece:<br />
4 Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores <strong>do</strong> Brasil, reuni<strong>do</strong> na capital uruguaia,<br />
assinou em 1890 com seu colega argentino Estanislao Zeballos o Trata<strong>do</strong> de Montevidéu que<br />
propunha a citada divisão de territórios. Vale referir que, segun<strong>do</strong> Zeballos, o Trata<strong>do</strong> foi precedi<strong>do</strong><br />
de algumas circunstâncias que teriam condiciona<strong>do</strong> Bocaiúva a aceitá-lo, apesar de trazer prejuízos<br />
territoriais para o Brasil. Em 1914, Zeballos, na ocasião Deputa<strong>do</strong>, fez a seguinte declaração em<br />
plenário: “apenas proclamada la República brasileña, tenien<strong>do</strong> yo el honor de ser ministro de las<br />
Relaciones Exteriores del gobierno del <strong>do</strong>ctor Juárez Celman, en 1889, me trasladé a su despacho<br />
y al darle la noticia de la caída del Imperio, le dije: ‘¡Al fin hemos conclui<strong>do</strong> la cuestión de Misiones!<br />
Vamos a ser los primeros en reconocer la nueva República del Brasil en un decreto grandilocuente,<br />
escrito en estilo fron<strong>do</strong>so y que ha de causar placer en Río de Janeiro. Invitaremos luego a<br />
97