Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO<br />
escritor ministerial que se assinava “Um diplomata”, o Sr. Salinas Vega<br />
suspendeu a negociação, rejeitan<strong>do</strong>, em nome <strong>do</strong> seu Governo, as<br />
propostas e combinações de permuta de territórios que andavam sen<strong>do</strong><br />
estudadas.<br />
O Correio da Manhã naquele tempo era pela troca de territórios<br />
que hoje condena.<br />
“Se a Chancelaria brasileira”, dizia na parte editorial dessa folha o<br />
ilustre Victorino Pereira (24 de junho de 1902), “se a Chancelaria brasileira<br />
esteve prestes a resolver o assunto com a contra-proposta <strong>do</strong> Sr.<br />
Salinas Vega em condições aceitáveis, porque deixou escapar a ocasião<br />
favorável e firmou ou manteve o protocolo de outubro de 1900? Se<br />
essa proposta existe, e <strong>do</strong>cumentada, por que não sustentá-la ou<br />
revivê-la? Se disso não há prova, porque deixou o Ministro de se<br />
assegurar na posse <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento tão necessário e importante?”<br />
A solução que Victorino Pereira e o Correio da Manhã achavam<br />
boa e aconselhavam em junho <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>, ficou sen<strong>do</strong> agora<br />
uma “vergonha”, uma “infâmia”, somente porque o Brasil adquire<br />
território quatro vezes maior <strong>do</strong> que pedia então o Governo brasileiro e<br />
transfere à Bolívia 3.000 quilômetros quadra<strong>do</strong>s em vez de 50.000.<br />
O Correio da Manhã também publicou em 28 de janeiro deste ano<br />
o telegrama-circular a que acima nos referimos, sem reprovar a idéia<br />
de compra, nem a de troca de territórios, antes aplaudin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> quanto<br />
fazia o Barão <strong>do</strong> Rio Branco e mostran<strong>do</strong>-se coerente com o que dizia<br />
no tempo de Manoel Victorino.<br />
Gil Vidal, em 8 de fevereiro, dava um artigo com o título “Vitória<br />
diplomática” e, no dia 9, relembran<strong>do</strong> as que o Brasil alcançara nos<br />
<strong>do</strong>is arbitramentos de Washington e Berna, dizia:<br />
“Vitória igual nos espera na contenda com a Bolívia se<br />
porventura não pudermos resolvê-la por concessões recíprocas, e<br />
tivermos que entregá-la a arbitramento. Ainda desta vez a estrela<br />
<strong>do</strong> Barão <strong>do</strong> Branco foi propícia ao Brasil. Parece que os céus<br />
tomaram sob o seu patrocínio esse nome a que está ligada a<br />
nossa maior obra de caridade e humanidade – a redenção <strong>do</strong>s<br />
cativos...”<br />
Entendia, portan<strong>do</strong>, o Correio da Manhã, em 9 de fevereiro, que<br />
devíamos procurar resolver a contenda com a Bolívia por meio de<br />
33