Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />
<strong>do</strong>cumentadas biografias <strong>do</strong> Barão 1 , relata que mesmo a Princesa<br />
Regente tinha algumas ressalvas quanto à nomeação 2 de Rio Branco e<br />
que não teria si<strong>do</strong> fácil conseguir efetivá-la.<br />
É sabi<strong>do</strong> que no início de sua carreira política Rio Branco não<br />
ostentava grande projeção pessoal. Estava muito atrela<strong>do</strong> ao pai,<br />
José da Silva Paranhos, Visconde <strong>do</strong> Rio Branco, situação essa que ele<br />
mesmo reconhecia. Foi assim, quan<strong>do</strong> entrou para a Câmara <strong>do</strong>s<br />
Deputa<strong>do</strong>s (1869), quan<strong>do</strong> exerceu a função de secretário de seu pai<br />
na Missão ao Rio da Prata (1870-1871) e, especialmente quan<strong>do</strong>,<br />
como jornalista e deputa<strong>do</strong>, apoiou o Visconde, chefe <strong>do</strong> Gabinete <strong>do</strong><br />
Império (1871/1875). Nessa gestão foi aprovada a lei <strong>do</strong> Ventre Livre<br />
(1871) que daria grande notoriedade ao Visconde, embora também o<br />
filho tivesse defendi<strong>do</strong> a mesma causa.<br />
A atividade intelectual <strong>do</strong> Barão, antes da partida para Liverpool,<br />
também não lhe deu grande destaque. Em mais de uma oportunidade,<br />
ele próprio admitiria que sua produção da juventude mereceria reparos.<br />
Mais tarde sim, na Europa, em contato com intelectuais, com grandes<br />
livrarias e bibliotecas, pôde aprimorar seus conhecimentos e elaborar um<br />
conjunto invejável de obras, especialmente de cunho geográfico e histórico.<br />
Foi ainda durante o perío<strong>do</strong> em que esteve na Europa que surgiram<br />
as grandes oportunidades que revelariam aos contemporâneos <strong>do</strong> Barão<br />
seus méritos como estrategista e como político. Em março de 1893 foi<br />
convida<strong>do</strong> pelo governo brasileiro para defender os direitos <strong>do</strong> Brasil<br />
sobre a região de Palmas que era reclamada pela Argentina. A questão<br />
já se arrastava desde 1890, pois a divisão <strong>do</strong> território litigioso entre as<br />
duas partes interessadas não fora aceita pela maioria <strong>do</strong>s parlamentares<br />
brasileiros. 3<br />
1 Rio Branco (O Barão <strong>do</strong> Rio Branco): História pessoal e História política, São Paulo: Editora Alfa<br />
Omega, 1996. Embora sejam muitos os estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s sobre Rio Branco, tomaremos como<br />
referência básica para a parte introdutória <strong>do</strong> presente trabalho a obra de Lins, utilizan<strong>do</strong>,<br />
especialmente, alguns <strong>do</strong>cumentos cita<strong>do</strong>s pelo autor, decisivos para encaminhar as questões<br />
abordadas pelos jornais.<br />
2 Em depoimento recolhi<strong>do</strong> por Lins, consta que Cotegipe ao levar a indicação <strong>do</strong> nome de<br />
Rio Branco à princesa Isabel dissera: “Hoje, ou sai a nomeação de Paranhos, ou sai a demissão<br />
<strong>do</strong> Gabinete. O rapaz tem valor, tem merecimentos para o cargo, e que não os tivesse: é filho <strong>do</strong><br />
Visconde <strong>do</strong> Rio Branco, e recusá-lo chega a ser um desaforo que não admitimos.” (Cf., op. cit.,<br />
p. 94)<br />
3 A tutela <strong>do</strong> Visconde sobre seu filho era tão notória, que os periódicos satíricos da época<br />
registravam com freqüência essa situação. Um deles, de nome Tupi, publicou uma caricatura <strong>do</strong><br />
Visconde “chocan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is ovos <strong>do</strong>s quais saíram, com cabeça de gente e corpos de pinto, Taunay<br />
e Paranhos Júnior,” o primeiro também impulsiona<strong>do</strong> em sua carreira política pelo chefe <strong>do</strong><br />
Gabinete. (Cf. Lins, 1996, p. 75)