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Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />

Chauvinista e belicoso, o nome de Palmerston ficou associa<strong>do</strong> à<br />

diplomacia das canhoneiras. A tática de intimidar os mais fracos provou<br />

dar bons resulta<strong>do</strong>s para seus partidários também na política interna,<br />

exploran<strong>do</strong> os sentimentos populares na Grã-Bretanha. Em geral, a<br />

população tendia a apoiar gestos de afirmação <strong>do</strong> poderio britânico no<br />

estrangeiro, no melhor estilo jingoísta. Com o tempo, consoli<strong>do</strong>u-se<br />

uma regra usual de procedimento segun<strong>do</strong> a qual violências cometidas<br />

por elementos nativos contra nacionais britânicos deveriam ser<br />

respondidas com demonstrações inequívocas de força. Assim, em<br />

abordagem muito comum no trato com povos da periferia, não eram<br />

poucos os que no governo britânico advogavam expedições punitivas<br />

com o objetivo de “dar uma lição” a quem desafiasse de frente os<br />

interesses da metrópole imperial. Havia si<strong>do</strong> assim na brutal reação<br />

britânica à Revolta <strong>do</strong>s Cipaios na Índia (1857) e na destruição <strong>do</strong><br />

Palácio de Verão na China (1860), para citar apenas <strong>do</strong>is casos notórios<br />

ocorri<strong>do</strong>s alguns anos antes da Questão Christie. 18<br />

WILLIAM D. CHRISTIE: VILÃO IMPERIALISTA?<br />

Christie pertencia à escola palmerstoniana e ele não escondia seu<br />

mo<strong>do</strong> de pensar, conforme testemunham seus escritos e incontáveis<br />

passagens de Notes on Brazilian questions. Um pequeno exemplo<br />

entre tantos pode servir de ilustração. Exaspera<strong>do</strong> com a obstinada<br />

recusa brasileira em conceder por trata<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s privilégios<br />

consulares à Grã-Bretanha, Christie em da<strong>do</strong> momento expressou de<br />

uma vez só seu repúdio aos princípios da reciprocidade e da igualdade<br />

entre os Esta<strong>do</strong>s, duas regras primárias das relações internacionais:<br />

Why should Brazil make difficulties when other South American states<br />

make none? Literal reciprocity after all is not essential equality. There is “no<br />

perfect equality” in the circumstances and conditions of the two nations.<br />

England derives no advantage from the residence of Brazilians equivalent to<br />

the gain of Brazil from English merchants, engineers, and artisans who go<br />

thither. There are no complaints of corruptions and abuses of our Court of<br />

Probate, as there is an [sic] universal outcry in Brazil against the abuses of<br />

Brazilian Courts of Orphans. It is the strong interest of Brazil to encourage<br />

foreigners. She ought not to insist, as a matter of pride, on a formal literal<br />

reciprocity when Brazilian subjects have no grievance in England to be rid<br />

of, and British subjects have great cause of complaint in Brazil. 19<br />

18 Ibid. p. 111-112.<br />

19 Notes on Brazilian questions, p. 121.

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