Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />
telegrama <strong>do</strong> dia 9, em que se apoiou o autor da Vária para o criticar<br />
e, sem dúvida involuntariamente, expô-lo à animadversão <strong>do</strong>s nossos<br />
compatriotas.<br />
“À vista <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos examina<strong>do</strong>s, não podemos manter<br />
que houve em Itajaí um desembarque militar, de homens em<br />
armas : podemos, porém, afirmar que houve operações de polícia,<br />
executadas durante a noite por oficiais, inferiores e marinheiros de<br />
um navio de guerra estrangeiro, com menoscabo da soberania<br />
nacional.”<br />
A questão, portanto, tinha muda<strong>do</strong> muito de figura. Alguns <strong>do</strong>s<br />
oficiais e inferiores que estavam com licença em terra, desde a tarde<br />
de 26, provavelmente beberam cerveja demais na casa de D. Anna<br />
Asseburg, onde estiveram, e praticaram excessos ofensivos da<br />
soberania territorial, se eles fossem autoriza<strong>do</strong>s pelo comandante e<br />
pelo Governo alemão. O comandante declarou que não autorizara tais<br />
coisas e apenas os encarregara de fazer, com a maior prudência,<br />
indagações sobre o paradeiro <strong>do</strong> suposto desertor, a fim de ser<br />
reclamada a sua prisão e entrega.<br />
Como poderia o Sr. Ministro das Relações Exteriores pedir a<br />
demissão <strong>do</strong> comandante, inocente <strong>do</strong>s excessos pratica<strong>do</strong>s?<br />
A geração brasileira de 1865, a que sabia pelejar no Uruguai e no<br />
Paraguai, em defesa da honra nacional, contentou-se com a satisfação<br />
que a Inglaterra nos deu naquele ano pela ofensa feita à nossa<br />
dignidade, à nossa soberania territorial em janeiro de 1863. Depois de<br />
<strong>do</strong>is anos de negociações em Londres, dirigidas pelo media<strong>do</strong>r português<br />
Conde de Lavradio, desde 29 de junho de 1863 até 26 de julho de<br />
1865 – <strong>do</strong>is anos durante os quais foi discutida a fórmula da satisfação,<br />
sen<strong>do</strong> rejeitadas a primeira e segunda que propúnhamos –, recebeu o<br />
Brasil, com geral contentamento, a que lhe deu a Inglaterra: “Sua<br />
Majestade a Rainha exprime o pesar com que tem considera<strong>do</strong> as<br />
circunstâncias que acompanharam a suspensão das relações amigáveis<br />
entre os <strong>do</strong>is países e nega toda a intenção de ofender a dignidade <strong>do</strong><br />
Império <strong>do</strong> Brasil.”<br />
A geração briosa e patriótica daquele tempo achou que isso era<br />
uma satisfação aceitável, apesar de se ter o Governo britânico recusa<strong>do</strong><br />
a censurar o Ministro Christie que nos dirigiu notas insolentíssimas e o<br />
Almirante Warren que, por ordem <strong>do</strong> mesmo, apresou diante da barra