Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO<br />
um desembarque de força armada e a prisão de um estrangeiro,<br />
Steinhauf, leva<strong>do</strong> para bor<strong>do</strong>. Depois, recebeu, em 17 e 20 de<br />
dezembro, os nossos inquéritos, e neles não achou prova alguma de<br />
que tivesse havi<strong>do</strong> desembarque de força armada nem de que Steinhauf<br />
tivesse si<strong>do</strong> leva<strong>do</strong> para bor<strong>do</strong>. Modificou, portanto, a opinião que<br />
formara à vista das primeiras e exageradas notícias. Se tivesse havi<strong>do</strong><br />
um desembarque de força armada para efetuar uma prisão em terra,<br />
a ofensa à nossa soberania não teria precedente e o desembarque<br />
não poderia efetuar-se “sem ciência ou ordem <strong>do</strong> comandante”.<br />
Mas o que se passou não foi o que precipitadamente lhe andaram<br />
dizen<strong>do</strong> e ao público. O que se passou foi isto: – O comandante<br />
encarregou oficiais à paisana e inferiores e marinheiros farda<strong>do</strong>s, que<br />
tinham permissão para ir a terra, de procurarem descobrir o paradeiro<br />
de um suposto desertor, a fim de que o agente consular tratasse de<br />
obter a sua prisão e entrega. Recomen<strong>do</strong>u a esses licencia<strong>do</strong>s a maior<br />
prudência e discrição nas indagações que fizessem, para não ofender<br />
as suscetibilidades <strong>do</strong>s naturais da terra. Os licencia<strong>do</strong>s desembarcaram<br />
na tarde de 26, e não no silêncio da noite, como se disse.<br />
Pelas 4 ou 5 horas da tarde, um sargento da guarnição avistou<br />
Hasmann, em companhia de Steinhauf. Chamou Hasmann dizen<strong>do</strong>-lhe<br />
que não fizesse asneiras e voltasse para bor<strong>do</strong>. Hasmann fugiu,<br />
meten<strong>do</strong>-se no mato e o sargento alcançou Steinhauf e o agrediu,<br />
dan<strong>do</strong>-lhe umas bor<strong>do</strong>adas. É a isso que alguns depoentes, nos nossos<br />
inquéritos, chamam “surra”, dada pelos marinheiros alemães e supon<strong>do</strong>,<br />
pelo que ouviram, que o caso se tivesse passa<strong>do</strong> à noite. Durante a<br />
noite os oficiais e marinheiros da Panther estiveram duas vezes no<br />
Hotel <strong>do</strong> Commercio; a primeira às 9 horas, a segunda, às 2 da<br />
madrugada ou pouco antes, porque não está prova<strong>do</strong> que os<br />
informantes tivessem relógio e pudessem precisar bem a hora.<br />
Houve a bor<strong>do</strong>, por ordem <strong>do</strong> almiranta<strong>do</strong>, um inquérito, com<br />
deposições feitas debaixo de juramento. Se os excessos em terra<br />
tivessem si<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong>s por ordem <strong>do</strong> comandante, não se<br />
compreende que ele tivesse a imprudência de perjurar e trair os seus<br />
subordina<strong>do</strong>s, nem tampouco que estes deixassem de afirmar que<br />
haviam cumpri<strong>do</strong> ordens.<br />
Bem inteira<strong>do</strong> <strong>do</strong> que se passava, o Sr. Barão <strong>do</strong> Rio Branco<br />
reduziu as coisas às suas justas proporções e na nota de 31 de<br />
dezembro disse o seguinte, que é muito diferente <strong>do</strong> que havia dito no<br />
69