Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />
BRASIL, BOLÍVIA E PERU*<br />
Há confusão e erro manifesto nas linhas com que o Jornal <strong>do</strong><br />
Brasil procedeu ontem à publicação de uma carta de Manaus.<br />
Recorda o mal informa<strong>do</strong> comenta<strong>do</strong>r que há meses o mesmo<br />
correspondente já havia assinala<strong>do</strong> um erro no traça<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong><br />
pelo trata<strong>do</strong> de Petrópolis, erro que acarreta grande perda de território<br />
em benefício da Bolívia, e acrescenta que a carta confirma aquele erro<br />
da<strong>do</strong> da determinação da linha Cunha Gomes, isto é, na locação da<br />
oblíqua traçada da nascente <strong>do</strong> Javari à confluência <strong>do</strong> Beni, por<br />
comissários brasileiros e bolivianos, em execução <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong><br />
em La Paz aos 27 de março de 1867.<br />
Em primeiro lugar o erro precedentemente aponta<strong>do</strong> nada tinha<br />
que ver com a linha oblíqua ao Equa<strong>do</strong>r, vulgarmente chamada Cunha<br />
Gomes, mas sim com a <strong>do</strong> paralelo de 10 graus e vinte minutos,<br />
desde o Abunã até ao Rapirran, muito ao sul daquela oblíqua, e com a<br />
que, pelo trata<strong>do</strong> de Petrópolis, deve acompanhar o Rapirran. Este rio,<br />
segun<strong>do</strong> se diz, é afluente <strong>do</strong> Abunã e não <strong>do</strong> Iquiri. Da<strong>do</strong> que assim<br />
seja, o erro em nada prejudicará o Brasil, pois o trata<strong>do</strong> de Petrópolis<br />
também determina que a fronteira siga o curso <strong>do</strong> Rapirran até a sua<br />
nascente.<br />
Portanto, se os mapas de que se serviram os negocia<strong>do</strong>res<br />
estavam erra<strong>do</strong>s, nada mais fácil <strong>do</strong> que corrigir o engano, evitan<strong>do</strong><br />
que haja prejuízo para um e outro país, prejuízo que, aliás, seria de<br />
somenos importância.<br />
Bastará que se observe o trata<strong>do</strong> seguin<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Abunã para o<br />
oeste, como ele determina, o paralelo de 10 graus e 20 minutos e, não<br />
poden<strong>do</strong> essa linha alcançar o Rapirran, que ela termine no ponto em<br />
que encontre o meridiano da confluência <strong>do</strong> mesmo e continue por<br />
esse meridiano na direção <strong>do</strong> sul, e depois pelo álveo <strong>do</strong> rio, desde a<br />
sua confluência até a origem principal.<br />
O engano que o correspondente de Manaus diz ter si<strong>do</strong> agora<br />
descoberto pelos comissários <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> Peru, Srs. Euclydes da<br />
Cunha e Buenaño, incumbi<strong>do</strong>s da exploração <strong>do</strong> Alto Purus, não implica<br />
* Texto publica<strong>do</strong> em O Paiz. Rio de Janeiro, 4 jan. 1906. Atribuí<strong>do</strong> ao Barão <strong>do</strong> Rio Branco<br />
(Ganns, Cláudio. Bibliografia sobre Rio Branco. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores,<br />
1946, p. 18).