Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />
Não ficava atrás, na virulência <strong>do</strong>s ataques ao governo, o Diário<br />
de Pernambuco (Recife 2/12/1902), também usan<strong>do</strong> o retorno <strong>do</strong><br />
Barão como motivação:<br />
O novo governo <strong>do</strong> país recebeu um inventário pesa<strong>do</strong> de erros e<br />
desastres de toda a espécie, em to<strong>do</strong>s os terrenos. Na ordem administrativa,<br />
o atual chefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> encontrou a mais completa desorganização pelo<br />
império absoluto e exclusivo <strong>do</strong> favoritismo pessoal e de relações estranhas<br />
à esfera especial <strong>do</strong> governo. No terreno financeiro, o desbarato ainda era<br />
maior. [...] Foram tantas as anomalias desse monstro, que o quatriênio<br />
infecun<strong>do</strong> <strong>do</strong> sr. Campos Sales desenvolveu e criou, que não há linguagem<br />
que as possa devidamente caracterizar e exprimir. Muito pior de que a ditadura<br />
financeira, foi semelhante perío<strong>do</strong> a ditadura <strong>do</strong> impu<strong>do</strong>r e da má fé.<br />
Em face de um quadro de tantos desacertos, exultava o Diário de<br />
Pernambuco :<br />
A grandiosa e imponente recepção, que foi atribuída ao Barão <strong>do</strong> Rio<br />
Branco por todas as classes sociais, é a mais evidente prova <strong>do</strong> quanto é<br />
aprecia<strong>do</strong> o seu valor e quanto são necessárias na atualidade a sua atividade<br />
e o seu empenho na louvável consecução da integridade da Pátria para a<br />
defesa de seu território.<br />
Outros jornais, embora não priorizassem em seu discurso as críticas<br />
ao governo, também não deixaram de aproveitar o momento que se<br />
apresentava. O Diário <strong>do</strong> Povo (Porto Alegre, 3/12/1902) foi um deles:<br />
... no regressar de Rio Branco ao país, há uma pre<strong>do</strong>minante, de valor<br />
altamente moral: volve ao seio da mãe Pátria não com o caráter solapa<strong>do</strong>,<br />
corroí<strong>do</strong> pela lava <strong>do</strong> servilismo que impera no nosso mun<strong>do</strong> político-social;<br />
não com a alma extenuada, gasta pelo choque das bastardas e vis paixões,<br />
no arrastamento <strong>do</strong> mercenarismo da época; não com o coração corrompi<strong>do</strong><br />
pelos embates das torpes ambições <strong>do</strong> partidarismo, que entre nós tu<strong>do</strong><br />
estraga e perverte.<br />
Na mesma linha argumentava A Época (São Paulo, 23/04/1903):<br />
Praza aos céus [...] que S. Exc. justamente acolhi<strong>do</strong> como o Salva<strong>do</strong>r<br />
da Pátria, num momento histórico e de excepcional dificuldade, se conserve<br />
por muitos anos à cabeceira <strong>do</strong> seu <strong>do</strong>ente, carinhoso e desvela<strong>do</strong>, não se<br />
deixan<strong>do</strong> jamais <strong>do</strong>minar pela influência nefasta de nossa pequenina<br />
politicagem...