Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO<br />
comunica<strong>do</strong>s por tradução aos governos estrangeiros e isso basta<br />
para mostrar que em tais <strong>do</strong>cumentos nos não devemos afastar <strong>do</strong>s<br />
estilos observa<strong>do</strong>s na correspondência diplomática de to<strong>do</strong>s os povos<br />
civiliza<strong>do</strong>s. O “Salut e Fraternité” e o “Hail and Fraternity”, nas traduções<br />
francesa e inglesa <strong>do</strong> nosso protesto contra a decisão <strong>do</strong> tribunal<br />
arbitral anglo-venezuelano, causaram bastante surpresa aos velhos<br />
republicanos de Paris, Berna e Washington e deram motivo a comentários<br />
pouco agradáveis sobre o nosso calourismo republicano.<br />
No Brasil foi decretada a separação da Igreja e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e não<br />
houve lei alguma impon<strong>do</strong> às repartições e aos funcionários públicos<br />
manifestações de adesão à religião da Humanidade.<br />
Sabemos que o Sr. Rio Branco admira profundamente os talentos,<br />
a ilustração, a constância de propagandistas e a pureza de vida <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is dignos apóstolos <strong>do</strong> positivismo no Brasil. Tem por eles e por<br />
todas as religiões o maior respeito, mas não pode esquecer que no<br />
Brasil o Esta<strong>do</strong> não tem religião.<br />
*<br />
* *<br />
O chama<strong>do</strong> tratamento de – vós – também se não pode dizer<br />
que seja rigorosamente republicano. Nas outras democracias é admiti<strong>do</strong>,<br />
ou de rigor em certos casos, o tratamento de Excelência. Nas de<br />
língua espanhola, há este e o de Vossa Senhoria: nunca o de vós.<br />
Mesmo no Brasil, o de Excelência é de estilo corrente nas discussões<br />
das câmaras legislativas. O pronome da segunda pessoa <strong>do</strong> plural só<br />
é, em regra, emprega<strong>do</strong> na língua portuguesa, na espanhola e na<br />
italiana quan<strong>do</strong> se fala ou escreve a mais de uma pessoa. À ín<strong>do</strong>le<br />
dessas três línguas repugna o tratamento de vós, e pode dizer-se que<br />
em Portugal ele só era e é emprega<strong>do</strong> nas Cartas Régias e outros<br />
<strong>do</strong>cumentos expedi<strong>do</strong>s em nome <strong>do</strong> Rei ou, excepcionalmente, quan<strong>do</strong><br />
se fala à Majestade ou a alguma pessoa de maior eminência. Nos<br />
países de língua portuguesa tratamo-nos to<strong>do</strong>s por “senhor”. Como,<br />
pois, pretender que o “Vossa Senhoria” ofenda o sentimento de<br />
igualdade?<br />
É melhor evitar os erros de conjugação tão freqüentes entre nós<br />
depois que se introduziu o tratamento de vós.<br />
Veja-se, por exemplo, o seguinte curioso trecho de ofício há tempos<br />
publica<strong>do</strong>, escrito por um pretenso positivista que em 1889 mereceu a<br />
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