Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
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CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />
testis, ensina o direito processual <strong>do</strong>s tempos antigos e modernos)<br />
declarou, no 3º inquérito, ter visto o Conde Saurma no Hotel <strong>do</strong><br />
Commercio, porém às 9 horas da noite mais ou menos e não pelas<br />
2 horas da madrugada, quan<strong>do</strong> se deram as violências atribuídas aos<br />
oficiais e marinheiros da Panther.<br />
Os outros depoentes só ouviram essa história ao velho Maluch. O<br />
proprietário <strong>do</strong> hotel declarou que não conhecia o comandante, e que<br />
era um oficial alto o que dava as ordens quan<strong>do</strong> a gente da Panther foi<br />
buscar Steinhauf às 2 da madrugada, mais ou menos.<br />
Ora, o Conde Saurma é um homem bastante baixo, como podemos<br />
afirmar por tê-lo visto aqui no Rio muitas vezes, e, demais, ninguém<br />
poderia admitir que um oficial superior da armada alemã, ou da nossa<br />
armada, comandante de um navio de guerra, se empregasse em<br />
procurar pessoalmente um desertor, poden<strong>do</strong> encarregar da diligência<br />
subordina<strong>do</strong>s seus.<br />
Sobre a entrada no Hotel <strong>do</strong> Commercio por meio de ameaças,<br />
às 2 horas da madrugada, só há o depoimento <strong>do</strong> proprietário Gabriel<br />
Heil, no segun<strong>do</strong> inquérito feito pelo prefeito de polícia. Os outros<br />
depoentes, alguns somente, ouviram isso a Heil, mas nada puderam<br />
dizer de ciência própria. No primeiro inquérito, Heil se tinha limita<strong>do</strong> a<br />
dizer que os oficiais exigiram a entrega de Steinhauf, para lhes ir mostrar<br />
onde estava o desertor Hasmann, e que às observações feitas por<br />
ele, proprietário, responderam “que tivesse paciência, que queriam<br />
levá-lo.” No depoimento que posteriormente fez no Consula<strong>do</strong> da<br />
Alemanha, esse mesmo Heil não falou em ameaças: declarou que<br />
abriu a porta <strong>do</strong> hotel pensan<strong>do</strong> que quem batia era um hóspede seu,<br />
por quem ainda esperava.<br />
A Vária refere-se à ofensa sem precedente de que falou o Sr.<br />
Ministro das Relações Exteriores, a qual, segun<strong>do</strong> o mesmo “não podia<br />
ser efetuada sem ciência ou ordem <strong>do</strong> comandante”.<br />
Os <strong>do</strong>cumentos publica<strong>do</strong>s mostram que o Sr. Barão <strong>do</strong> Rio Branco<br />
se exprimiu assim no telegrama de 9 de dezembro à Legação <strong>do</strong> Brasil<br />
em Berlim e na nota de 15 <strong>do</strong> mesmo mês ao ministro da Alemanha,<br />
quan<strong>do</strong> só tinha por base <strong>do</strong> seu juízo os telegramas recebi<strong>do</strong>s de<br />
Florianópolis, dan<strong>do</strong> resumos incompletos <strong>do</strong>s inquéritos, e os telegramas<br />
que ao Jornal <strong>do</strong> Commercio mandava o seu jovem correspondente<br />
daquela cidade. Ao redigir aqueles <strong>do</strong>is <strong>do</strong>cumentos o Sr. Barão <strong>do</strong> Rio<br />
Branco estava persuadi<strong>do</strong> de que tinha havi<strong>do</strong> uma diligência militar,