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Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

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42<br />

CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><br />

O Acre até pouco tempo era, para os acusa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Governo<br />

transato, a região mais maravilhosamente rica da América <strong>do</strong> Sul, um<br />

território cobiça<strong>do</strong> pelos americanos <strong>do</strong> norte e pelas grandes potências<br />

comerciais da Europa. Era preciso a to<strong>do</strong> o custo que o Acre fosse<br />

incorpora<strong>do</strong> ao Brasil desde a linha geodésica Javari-Beni até a latitude<br />

austral de 11º.<br />

O Sr. Lauro Sodré, em 2 de maio <strong>do</strong> mesmo ano, exclamava no<br />

Club Militar, sen<strong>do</strong> as suas palavras cobertas de palmas entusiásticas:<br />

“A questão <strong>do</strong> Acre não é uma questão amazonense, é uma questão<br />

brasileira!” E acrescentava: “O Acre, que há tanto tempo desafia o<br />

interesse das nações que vivem da guerra, que é objeto de cogitações<br />

das nações conquista<strong>do</strong>ras, é exclusivamente criação <strong>do</strong>s brasileiros.<br />

Aquele solo fertilíssimo foram cidadãos brasileiros que o trabalharam...”<br />

Manoel Vitorino Pereira, no Correio da Manhã de 10 de outubro,<br />

escrevia: “Se me não seria lícito negar aos diplomatas e governos<br />

bolivianos louvores e elogios pelo empenho que revelam em conservar<br />

para sua pátria a posse <strong>do</strong> fecun<strong>do</strong> e rico território, não podem eles<br />

estranhar que aos Ministros e Presidentes <strong>do</strong> meu país eu censure a<br />

inabilidade e imprevidência com que têm concorri<strong>do</strong> para a sua perda...”<br />

Gil Vidal, melindra<strong>do</strong> em seu amor pátrio, dizia em 14 de setembro<br />

<strong>do</strong> mesmo ano de 1902 que o Acre estava “inteiramente perdi<strong>do</strong>” para<br />

nós e que “só pela guerra o poderíamos reconquistar”.<br />

Sem que fosse necessário recorrer às empresas bélicas, que a<br />

sagacidade política de Gil Vidal an<strong>do</strong>u preven<strong>do</strong>, pode agora, em breves<br />

dias, ficar incorpora<strong>do</strong> à União Brasileira, não o Acre mínimo, com que<br />

ele e o Sr. Rocha Pombo sonhavam, sim o Acre imensamente maior,<br />

operan<strong>do</strong>-se tal anexação mui pacificamente, per amicabilem<br />

transactionem, como diria Justiniano, ou por “concessões recíprocas”,<br />

como Gil Vidal desejava em 9 de fevereiro último. O Trata<strong>do</strong> de Petrópolis<br />

assegurará esse resulta<strong>do</strong>, que para ficar de to<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> só depende<br />

agora <strong>do</strong> voto <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is Congressos Legislativos reuni<strong>do</strong>s em La Paz e<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Mas... mudam os tempos e transformam-se os escritores <strong>do</strong><br />

Correio da Manhã. Aquelas florestas <strong>do</strong> Acre, por eles tão apetecidas e<br />

choradas quan<strong>do</strong> em poder <strong>do</strong> estrangeiro, assunto ou pretexto para<br />

tantos assomos de patriotismo, hoje que podem ficar sen<strong>do</strong><br />

definitivamente nossas, já não prestam para nada, segun<strong>do</strong> os mesmos<br />

escritores. “... Poderíamos observar”, escreveu o Sr. Rocha Pombo no

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