05.06.2013 Views

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO<br />

CONFIAR DESCONFIANDO*<br />

NEMO<br />

Sobre a presente rebelião da nossa maruja de guerra disse o<br />

Patriarca da República, General Quintino Bocayuva, <strong>do</strong> alto da sua<br />

curul, no Sena<strong>do</strong>, com o tom solene, que lhe é habitual, e autoridade<br />

<strong>do</strong> seu caráter e da sua experiência, que, naquela manifestação<br />

anárquica, não existe nenhum pensamento político, e que nenhum<br />

homem de responsabilidade pode tê-la inspira<strong>do</strong> ou favoreci<strong>do</strong>.<br />

S. Ex. deve ter para isso razões, que não conhecemos; mas<br />

devemos respeitar.<br />

Desde, porém, que as ignoramos, S. Ex. nos deverá per<strong>do</strong>ar a<br />

liberdade inócua de fazer uma resenha <strong>do</strong>s fatos antecedentes e<br />

concomitantes daquela inqualificável manifestação, senão de hostilidade<br />

política, ao menos de indisciplina militar.<br />

Entre os motivos, com que se pretende explicá-la, figura, sobre<br />

to<strong>do</strong>s, a existência <strong>do</strong> castigo corporal na armada que, segun<strong>do</strong> a<br />

Imprensa, tinha si<strong>do</strong> atenua<strong>do</strong> pelo ex-Ministro da Marinha, e que ela<br />

pretende ter-se agrava<strong>do</strong>, nestes escassos sete dias de governo <strong>do</strong><br />

seu sucessor.<br />

Daí se deixa entrever que o movimento da maruja foi uma<br />

manifestação de saudade, pelo que saiu, e de desespero contra o que<br />

entrou.<br />

Também ignoramos se algum fato justifica a pretendida agravação,<br />

em tão curto perío<strong>do</strong>, posto que nos não pareça verossímil.<br />

Mas, com o devi<strong>do</strong> respeito ao ausente, não cremos que ele<br />

mereça tantas saudades <strong>do</strong>s revoltosos, porque atenuou um castigo,<br />

há muito aboli<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> positivo, por um decreto, largamente<br />

divulga<strong>do</strong> e aplaudi<strong>do</strong>, e que o Governo Provisório tentou, mais tarde,<br />

restabelecer, por outro ato, que nunca foi publica<strong>do</strong> no Diário Oficial,<br />

que nunca chegou a ser decreto e, que, portanto, nunca pôde revogar<br />

a lei que aboliu aquela pena. A referência vaga <strong>do</strong> nº XIII <strong>do</strong> quadro<br />

<strong>do</strong> artº 5º <strong>do</strong> decreto nº 509, de 21 de junho de 1890, ao suposto<br />

decreto nº 328, de 12 de abril <strong>do</strong> mesmo ano (que brilha pela ausência<br />

* Publica<strong>do</strong> no Correio da Noite. Rio de Janeiro, 24 nov. 1910.<br />

91

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!