90 CADERNOS DO <strong>CHDD</strong> em qualquer repartição, nem que as tenhamos em cada praia ou enseada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina. Que Steinhauf tenha segui<strong>do</strong> como cria<strong>do</strong>, foguista, varre<strong>do</strong>r ou o que quer que seja “trabalhan<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> pela passagem”, para Buenos Aires, Rio Grande ou qualquer outro porto; que esteja na Ilha de Santa Catarina ou na terra firme, pouco nos importa. O de que não podemos duvidar, diante da declaração <strong>do</strong> Governo da Alemanha, é que ele nos não foi entregue, porque não estava e nunca esteve a bor<strong>do</strong> da Panther. ___________________________________________________________________ Artigo também publica<strong>do</strong> nos seguintes periódicos: – Jornal <strong>do</strong> Commercio, 17 jan. 1906. – O Paiz, 17 jan. 1906.
ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO CONFIAR DESCONFIANDO* NEMO Sobre a presente rebelião da nossa maruja de guerra disse o Patriarca da República, General Quintino Bocayuva, <strong>do</strong> alto da sua curul, no Sena<strong>do</strong>, com o tom solene, que lhe é habitual, e autoridade <strong>do</strong> seu caráter e da sua experiência, que, naquela manifestação anárquica, não existe nenhum pensamento político, e que nenhum homem de responsabilidade pode tê-la inspira<strong>do</strong> ou favoreci<strong>do</strong>. S. Ex. deve ter para isso razões, que não conhecemos; mas devemos respeitar. Desde, porém, que as ignoramos, S. Ex. nos deverá per<strong>do</strong>ar a liberdade inócua de fazer uma resenha <strong>do</strong>s fatos antecedentes e concomitantes daquela inqualificável manifestação, senão de hostilidade política, ao menos de indisciplina militar. Entre os motivos, com que se pretende explicá-la, figura, sobre to<strong>do</strong>s, a existência <strong>do</strong> castigo corporal na armada que, segun<strong>do</strong> a Imprensa, tinha si<strong>do</strong> atenua<strong>do</strong> pelo ex-Ministro da Marinha, e que ela pretende ter-se agrava<strong>do</strong>, nestes escassos sete dias de governo <strong>do</strong> seu sucessor. Daí se deixa entrever que o movimento da maruja foi uma manifestação de saudade, pelo que saiu, e de desespero contra o que entrou. Também ignoramos se algum fato justifica a pretendida agravação, em tão curto perío<strong>do</strong>, posto que nos não pareça verossímil. Mas, com o devi<strong>do</strong> respeito ao ausente, não cremos que ele mereça tantas saudades <strong>do</strong>s revoltosos, porque atenuou um castigo, há muito aboli<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> positivo, por um decreto, largamente divulga<strong>do</strong> e aplaudi<strong>do</strong>, e que o Governo Provisório tentou, mais tarde, restabelecer, por outro ato, que nunca foi publica<strong>do</strong> no Diário Oficial, que nunca chegou a ser decreto e, que, portanto, nunca pôde revogar a lei que aboliu aquela pena. A referência vaga <strong>do</strong> nº XIII <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> artº 5º <strong>do</strong> decreto nº 509, de 21 de junho de 1890, ao suposto decreto nº 328, de 12 de abril <strong>do</strong> mesmo ano (que brilha pela ausência * Publica<strong>do</strong> no Correio da Noite. Rio de Janeiro, 24 nov. 1910. 91