Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
UM OLHAR BRASILEIRO SOBRE AS REPÚBLICAS DO PACÍFICO. MEMÓRIA DE DUARTE DA PONTE RIBEIRO – 1832<br />
de política vão to<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong>, e são: aborrecer os estrangeiros, e<br />
desejar reunir a si outra vez as Províncias <strong>do</strong> Alto Peru, e Guaiaquil.<br />
Conspiraram contra San Martín e seu exército, logo que se julgaram<br />
livres <strong>do</strong>s espanhóis; fizeram outro tanto com o de Bolívar, depois que<br />
lhes deu a Independência. Desde então puseram em prática as suas<br />
idéias ambiciosas, invadin<strong>do</strong> Bolívia, declaran<strong>do</strong> guerra a Colômbia, e<br />
pretenden<strong>do</strong> ultimamente fazê-la àquela República. O Congresso<br />
peruano anulou a Constituição de 1826, que dava a Presidência vitalícia<br />
a Bolívar, e declarou na de 1828, que só pode ser Presidente um<br />
natural <strong>do</strong> Peru: Lamar, que então ocupava a Presidência, era de<br />
Guaiaquil; e não tanto para conservar-se nela, como para secundar as<br />
vistas <strong>do</strong>s Representantes da Nação, empreendeu a guerra para adquirir<br />
aquela Província. São bem conhecidas as desastrosas conseqüências<br />
desta campanha. Mas nem estas, nem os posteriores sucessos de<br />
Colômbia lhes têm feito renunciar a semelhante pretensão. Ela é<br />
fundada na necessidade que tem de receber dali toda a madeira para<br />
casas e navios; e na convicção de que dará a Lei nesta Costa quem<br />
possuir este porto, o único de construção e seguro, que há em toda<br />
ela. Haven<strong>do</strong> pertenci<strong>do</strong> a este Vice-Reina<strong>do</strong> as Províncias hoje<br />
bolivianas, é no conceito <strong>do</strong>s peruanos, um direito reuni-las novamente;<br />
e considerar a separação como um roubo. Lamar, e Santa Cruz<br />
pensavam assim: ambos estavam Presidentes; uma só presidência<br />
devia resultar da união das duas Repúblicas, um e outro tinham prestígio;<br />
o segun<strong>do</strong> é mais ambicioso que o primeiro. Santa Cruz não ten<strong>do</strong><br />
meios diretos para destruir o seu rival, buscou os <strong>do</strong>is chefes que por<br />
sua colocação podiam efetuá-lo: Gamarra, Prefeito de Cusco, era<br />
chama<strong>do</strong> por Lamar para seu imediato no exército; La Fuente<br />
comandava uma divisão em Arequipa, e tinha ordem de marchar com<br />
ela a unir-se-lhe, passan<strong>do</strong> por Lima. Avistou-se com os <strong>do</strong>is, e<br />
concertaram o plano que a to<strong>do</strong>s prometia vantagens, e devia fixar<br />
em Cusco a capital das duas Repúblicas. La Fuente tinha que apoderarse<br />
<strong>do</strong> Governo logo que chegasse a Lima com a sua divisão; Gamarra<br />
depois de surpreender e desterrar Lamar ficava comandan<strong>do</strong> o exército;<br />
tocava a Santa Cruz intrigar para que os Departamentos dirigissem ao<br />
mesmo tempo uma representação ao Governo mostran<strong>do</strong> a<br />
necessidade de reformar a carta; e pedin<strong>do</strong> a convocação da Grande<br />
Convenção Nacional, marcada para esse fim. Desta dependia o<br />
desenlace <strong>do</strong> plano de Santa Cruz. Tu<strong>do</strong> se operou como tinham<br />
ajusta<strong>do</strong>: a revolução feita em Lima por La Fuente diminuía o exército<br />
e o privava de recursos; os revezes que este acabava de sofrer lhe<br />
147