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Cadernos do CHDD Nº 01 - Funag

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“I HAVE NO THOUGHT OF RETURNING TO RIO…” REVENDO AS NOTAS DO SR. CHRISTIE SOBRE O BRASIL<br />

ao governo brasileiro uma lista detalhada <strong>do</strong>s africanos livres e <strong>do</strong><br />

paradeiro de cada um deles. Russell recomen<strong>do</strong>u, não obstante, que<br />

se evitasse “tanto quanto possível” qualquer discussão que pudesse<br />

contribuir para o “sentimento de irritação” que há tanto tempo existia<br />

no Brasil contra a Grã-Bretanha em matéria de tráfico de escravos. 11<br />

Outra área antiga de dificuldades envolvia as relações comerciais<br />

bilaterais. A principal queixa britânica residia na ausência de um acor<strong>do</strong><br />

de comércio entre o Brasil e a Grã-Bretanha, visto que o Trata<strong>do</strong> de<br />

1827 havia expira<strong>do</strong> em 1844, a despeito <strong>do</strong>s esforços da missão de<br />

Sir Henry Ellis para renová-lo. Ainda como reflexo da experiência negativa<br />

da época da Independência, o Brasil mantinha uma posição de princípio<br />

desfavorável à celebração de trata<strong>do</strong>s com as grandes potências. No<br />

caso específico da Grã-Bretanha, o governo brasileiro condicionava a<br />

abertura de negociações para a assinatura de novo trata<strong>do</strong> comercial<br />

à revogação da Lei Aberdeen. O Brasil pleiteava também a concessão,<br />

em caráter de reciprocidade, de melhores condições de acesso das<br />

exportações brasileiras ao merca<strong>do</strong> britânico (sobretu<strong>do</strong> açúcar e café),<br />

mas tal demanda era sistematicamente rejeitada por Londres. 12<br />

Paralelamente à questão <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> comercial estava a defesa<br />

constante pela Grã-Bretanha de práticas eficientes de gestão econômica<br />

e administrativa (que hoje seriam chamadas de “boa governança”),<br />

incluin<strong>do</strong> o respeito aos contratos, o combate à corrupção, o tratamento<br />

“justo e liberal” aos estrangeiros e a adesão brasileira aos princípios <strong>do</strong><br />

livre comércio. Na ótica de Christie, a expansão <strong>do</strong> intercâmbio bilateral<br />

viria naturalmente como conseqüência da a<strong>do</strong>ção pelo Brasil de políticas<br />

de cunho liberal que, teoricamente, redundariam no próprio benefício<br />

<strong>do</strong> país. Nas suas palavras:<br />

[We] must remember, too, that Brazil stands, even at this moment,<br />

towards England, in the face of the world, in the unhappy position of violator<br />

of existing treaty obligations, and that she evaded and violated the stipulations<br />

of the former Treaty of Commerce. It is Brazil that must change her policy.<br />

If she will observe the faith of treaties and comity of nations, she will have<br />

no trouble from England; and the expansion of commerce must come from<br />

11 Ibid. p. 11.<br />

12 O governo britânico, entre outros motivos, não queria expor o comércio de suas colônias (em<br />

especial das Índias Ocidentais Britânicas) à concorrência <strong>do</strong>s produtos brasileiros. Alan K.<br />

Manchester, British preeminence in Brazil: its rise and decline. New York: Octagon Books, 1972.<br />

p. 293-295.<br />

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