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Contornos do Indizível: o estilo de Clarice Lispector - Fale - UFMG

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110<br />

Resumo<br />

Em Tese, Belo Horizonte, v. 10, p. 110-114, <strong>de</strong>z. 2006<br />

Imigrantes: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s em trânsito<br />

Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />

Lilian Soier <strong>do</strong> Nascimento<br />

Neste trabalho, discorro sobre a figura <strong>do</strong> imigrante em sua<br />

similarida<strong>de</strong> com o sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno face à crise <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que os atravessa. Analiso brevemente a personagem<br />

Madruga, <strong>do</strong> romance A república <strong>do</strong>s sonhos, <strong>de</strong> Nélida Piñon,<br />

cujo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> registro escrito <strong>de</strong> suas tradições e memórias<br />

presta-se como forma <strong>de</strong> resistência cultural.<br />

Palavras-chave: Imigrante. Sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Memória.<br />

As questões relativas à alterida<strong>de</strong> ocupam hoje lugar cada vez mais significativo<br />

no seio <strong>do</strong> pensamento crítico. As reconfigurações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> contemporâneo exigem<br />

maior compreensão <strong>de</strong> si e <strong>do</strong> outro para alcançar, ainda que minimamente, o<br />

entendimento <strong>do</strong> contexto sociopolítico da atualida<strong>de</strong>, bem como para ampliar as<br />

reflexões em torno <strong>do</strong> sujeito contemporâneo. Muitas são as discussões realizadas em<br />

torno da crise <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que atravessa hoje o sujeito, cujas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais<br />

<strong>de</strong> classe, sexualida<strong>de</strong>, etnia, raça e nacionalida<strong>de</strong> estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>slocadas. Neste<br />

contexto <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> no qual as velhas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se encontram em <strong>de</strong>clínio e os<br />

quadros <strong>de</strong> referências que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mun<strong>do</strong><br />

social já não possuem fronteiras tão <strong>de</strong>finidas, a figura emblemática <strong>do</strong> estrangeiro e<br />

<strong>do</strong> imigrante torna-se objeto <strong>de</strong> reflexão privilegia<strong>do</strong>s para uma observação mais <strong>de</strong><br />

perto <strong>de</strong>sses fenômenos que marcam a contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

José Arbex Jr., durante um simpósio sobre o estrangeiro, realiza<strong>do</strong> na PUC-SE,<br />

em 1994, postulou que<br />

Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sabam todas as referências que antes pareciam tão seguras, o estrangeiro<br />

surge como um alvo ainda mais necessário, como uma referência que extrai sua<br />

positivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu valor absolutamente negativo, <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que não sou e que tenho <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir para ser eu mesmo, já que não sei mais muito bem quem sou. (ARBEX JR., 1998,<br />

p. 10).<br />

A gradual dissolução <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r hegemônico <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s nacionais para dar lugar a<br />

uma nova or<strong>de</strong>m mundial, cujas bases econômicas, políticas e sociais são<br />

rearticuladas, cria nos sujeitos o quadro <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> ao qual José Arbex Jr. se<br />

refere. Nesse novo cenário, no mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>, as figuras <strong>do</strong> estrangeiro e <strong>do</strong><br />

imigrante emergem, pois, com maior vigor, tornan<strong>do</strong>-se mais presentes e visíveis.<br />

Mesmo no campo da literatura, tais personagens ganha em importância. O pensa<strong>do</strong>r<br />

Homi Bhabha, por exemplo, sugere que

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