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Contornos do Indizível: o estilo de Clarice Lispector - Fale - UFMG

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Em Tese, Belo Horizonte, v. 10, p. 172-177, <strong>de</strong>z. 2006<br />

Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro, principalmente na sua primeira fase, e que caracterizou,<br />

também, <strong>de</strong> forma cabal, o movimento mo<strong>de</strong>rnista <strong>de</strong> Cataguases.<br />

Peregrino Júnior, em artigo publica<strong>do</strong> na Ver<strong>de</strong> (nº 5, jan. 1928, p. 16), afirma<br />

que a revista <strong>de</strong> Cataguases constituía uma quarta corrente no Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro,<br />

apresentan<strong>do</strong> mais alegria, entusiasmo e vivacida<strong>de</strong> que a revista Festa, e uma gran<strong>de</strong><br />

vantagem sobre esta última: o grupo da Ver<strong>de</strong> estava menos liga<strong>do</strong> a preconceitos<br />

partidários. De fato, po<strong>de</strong>mos dizer que os rapazes <strong>de</strong> Cataguases recuperaram para o<br />

movimento mo<strong>de</strong>rnista brasileiro o entusiasmo <strong>do</strong>s primeiros anos, mas com uma<br />

consciência maior das contradições <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Viven<strong>do</strong> e atuan<strong>do</strong> no final da década <strong>de</strong> vinte <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, os Ver<strong>de</strong>s se<br />

encontravam em um momento privilegia<strong>do</strong>, em que pu<strong>de</strong>ram realizar a síntese <strong>de</strong>ssa<br />

primeira fase <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro e preparar a transição para as propostas da<br />

década <strong>de</strong> trinta, enxergan<strong>do</strong> não apenas o Brasil mítico da Uiara, da Mãe d’Água, <strong>do</strong><br />

Saci, como também, e principalmente, o Brasil real, histórico, cotidiano, com suas<br />

belezas naturais, mas com sua <strong>de</strong>pendência cultural, seus problemas sociais, seu<br />

processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização contraditório, sua religiosida<strong>de</strong>, sua inocência e sua malícia,<br />

seus governantes inaptos. Nesse senti<strong>do</strong>, os Ver<strong>de</strong>s fogem à tendência primitivista<br />

mais radical, comentada por Bosi (1988, p. 114-126), <strong>de</strong> enxergar principalmente o<br />

Brasil mítico.<br />

Valorizaram o negro como elemento forma<strong>do</strong>r da nacionalida<strong>de</strong>, na medida em<br />

que representaram, em seus poemas, aspectos da vida e da cultura <strong>do</strong> negro,<br />

escapan<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s estereótipos atribuí<strong>do</strong>s a ele naquela socieda<strong>de</strong><br />

brasileira <strong>de</strong> então.<br />

A partir da pesquisa sobre o Movimento Ver<strong>de</strong>, verificamos que certos equívocos<br />

acerca <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro têm si<strong>do</strong> veicula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma recorrente. Por causa da<br />

dificulda<strong>de</strong>, ou da impossibilida<strong>de</strong>, às vezes, <strong>de</strong> acesso às fontes primárias, e valen<strong>do</strong>se<br />

<strong>do</strong> argumento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, um pesquisa<strong>do</strong>r repete o outro e, <strong>de</strong>ssa forma, vamos<br />

tecen<strong>do</strong> um conhecimento cujas bases são, em parte, fictícias. Esse fato, comprova<strong>do</strong><br />

por nosso trabalho, aponta para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas revisões <strong>do</strong> movimento<br />

mo<strong>de</strong>rnista, principalmente no que diz respeito ao seu expansionismo da primeira fase.<br />

Além disso, ao tomarmos contato com a obra <strong>de</strong>sses escritores mineiros, que<br />

participaram tão ativamente da vida literária brasileira naqueles últimos anos da<br />

década <strong>de</strong> vinte, verificamos que eles produziram trabalhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, inclusive na<br />

produção posterior à década <strong>de</strong> vinte, e que suas obras precisam ser resgatadas para<br />

integrarem lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na nossa literatura. Vislumbramos, portanto, as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>ssas obras, posteriores à década <strong>de</strong> vinte, <strong>do</strong>s escritores<br />

que integraram o grupo Ver<strong>de</strong>, principalmente daqueles que estiveram no centro <strong>do</strong><br />

movimento e que continuaram se <strong>de</strong>dican<strong>do</strong> a um projeto literário, como Henrique <strong>de</strong><br />

Resen<strong>de</strong>, Francisco Inácio Peixoto, Rosário Fusco e Guilhermino César.<br />

Abstract<br />

This work carries out a study of a wi<strong>de</strong>ly representative<br />

mo<strong>de</strong>rnist movement named Movimento Ver<strong>de</strong> — embodied in a<br />

mo<strong>de</strong>rnist literary magazine and a publishing house, both of<br />

them also named Ver<strong>de</strong> — created by a group of writers from<br />

Cataguases, Minas Gerais, Brazil, in 1927.<br />

Key words: Brazilian Literature. Mo<strong>de</strong>rnism. Ver<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnist Movement.<br />

Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />

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