Contornos do Indizível: o estilo de Clarice Lispector - Fale - UFMG
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Resumo<br />
Em Tese, Belo Horizonte, v. 10, p. 178-182, <strong>de</strong>z. 2006<br />
Rompimento <strong>de</strong> Fronteiras nas Linguagens<br />
<strong>do</strong> Grupo Oficcina Multimédia<br />
Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />
Roberson <strong>de</strong> Sousa Nunes<br />
Este ensaio objetiva apresentar, em linhas gerais, o caráter<br />
interdisciplinar da pesquisa <strong>de</strong> linguagens artísticas <strong>do</strong> Grupo<br />
Oficcina Multimédia, em diálogo com o teatro pós-mo<strong>de</strong>rno e<br />
suas representações performáticas.<br />
Palavras-chave: Interdisciplinarida<strong>de</strong>. Teatro pós-mo<strong>de</strong>rno. Performance.<br />
O Grupo Oficcina Multimédia (GOM), no qual atuei <strong>de</strong> 1992 a 1997, foi funda<strong>do</strong><br />
em 1977 pelo compositor Rufo Herrera e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1983 é dirigi<strong>do</strong> por Ione <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros.<br />
O trabalho <strong>do</strong> grupo prima pela pesquisa <strong>de</strong> linguagem e experimentação nos campos<br />
<strong>do</strong> teatro, da dança, da música, da literatura e das artes plásticas. O rompimento <strong>de</strong><br />
fronteiras, entre estes diversos campos disciplinares, vem caracterizan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>safio <strong>do</strong><br />
grupo ao longo <strong>do</strong>s seus vinte e oito anos <strong>de</strong> investigação. “A fronteira, linha <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> um território, real ou simbólico, é também o lugar em que se <strong>de</strong>safia a<br />
liberda<strong>de</strong> e se abre o espaço para a criativida<strong>de</strong>” (RAVETTI, 2002, p. 9).<br />
As encenações <strong>do</strong> GOM são marcadas pela releitura das obras nas quais se<br />
baseiam. Seus espetáculos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, são elabora<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> temas e<br />
improvisações com voz, corpo e materiais cênicos pesquisa<strong>do</strong>s, estrutura<strong>do</strong>s em<br />
repertórios e reorganiza<strong>do</strong>s pela direção na montagem final. O teatro experimental <strong>do</strong><br />
GOM lida com colagens e fragmentos <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> diversas naturezas (literárias,<br />
jornalísticas, poéticas, etc.). Apenas em A casa <strong>de</strong> Bernarda Alba, estrea<strong>do</strong> em 2001, o<br />
grupo partiu <strong>de</strong> um texto dramático (homônimo, <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rico García Lorca) para sua<br />
concretização teatral.<br />
A formação musical <strong>de</strong> Rufo Herrera e <strong>de</strong> Ione <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros é um importante<br />
diferencial na sustentação <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> GOM. Des<strong>de</strong> os processos iniciais, as<br />
montagens são pensadas e exercitadas em termos <strong>de</strong> multiplicida<strong>de</strong>, simultaneida<strong>de</strong> e<br />
harmonia. Além disso, elas são vistas pelos diretores como uma composição, ou seja,<br />
uma combinação elaborada <strong>de</strong> notas, uma partitura, uma organização <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s,<br />
uma unida<strong>de</strong> que diz algo. Na prática <strong>do</strong> grupo, um texto, literário ou não, po<strong>de</strong> ser<br />
trabalha<strong>do</strong> musicalmente em termos rítmicos, varian<strong>do</strong> timbres, entonações,<br />
velocida<strong>de</strong>s, intensida<strong>de</strong>s e cadências.<br />
Com relação às artes plásticas, Ione <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros toma como referência a<br />
abstração através da visão sincrética <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, conforme a qual o mínimo <strong>de</strong><br />
informação concreta já constitui a essência <strong>de</strong> uma coisa. Me<strong>de</strong>iros explica que a visão<br />
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