Contornos do Indizível: o estilo de Clarice Lispector - Fale - UFMG
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Em Tese, Belo Horizonte, v. 10, p. 190-195, <strong>de</strong>z. 2006<br />
Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>: corpo e imagem.<br />
Trajetória das representações <strong>do</strong> intelectual mo<strong>de</strong>rnista<br />
Resumo<br />
Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />
Rosa Veloso Dias Giannaccini<br />
Este ensaio investiga o percurso das representações <strong>do</strong><br />
intelectual Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>: como elas foram sen<strong>do</strong><br />
elaboradas ao longo da vida <strong>do</strong> escritor, expandidas após a sua<br />
morte, conservadas e renovadas no meio cultural brasileiro.<br />
Analiso as representações iconográficas, a obra poética e<br />
ficcional, os <strong>de</strong>poimentos e entrevistas, a produção epistolar e a<br />
recepção crítica. Os filósofos Maurice Merleau-Ponty e Henri<br />
Bergson, que exploram conceitualmente o corpo e a imagem,<br />
fundamentam a pesquisa.<br />
Palavras-chave: Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Mo<strong>de</strong>rnismo. Corpo. Imagem.<br />
A imagem se impõe como o mo<strong>do</strong> essencial da relação entre os seres e o mun<strong>do</strong>,<br />
especialmente quan<strong>do</strong> se pensa que to<strong>do</strong> indivíduo é leva<strong>do</strong> a se mostrar e a produzir<br />
uma imagem <strong>de</strong> si mesmo. No jogo entre a consagração e o <strong>de</strong>saparecimento,<br />
percebe-se como alguém <strong>de</strong>seja sobreviver após a sua morte, geran<strong>do</strong> imagens que<br />
garantirão a sua perpetuida<strong>de</strong>. Nesse conjunto <strong>de</strong> representações, as manifestações<br />
corporais suscitam diversas interpretações e se transformam em campo <strong>de</strong> pesquisa<br />
inesgotável ao promover a aplicação <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s interdisciplinares e ao redimensionar a<br />
leitura <strong>do</strong> corpo traduzi<strong>do</strong> como objeto e que só po<strong>de</strong> ser capta<strong>do</strong> pelo instigante<br />
universo <strong>do</strong> imaginário. Provocam, ainda, reflexões sobre a imagem provisória,<br />
inacabada e efêmera da corporalida<strong>de</strong> na cultura contemporânea.<br />
A conceituação <strong>de</strong> imagem e os múltiplos empregos que esse termo suscita<br />
permitem ao pesquisa<strong>do</strong>r eleger a noção mais a<strong>de</strong>quada aos objetivos <strong>de</strong> sua<br />
investigação. No estu<strong>do</strong> da trajetória das imagens <strong>do</strong> intelectual Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, o<br />
conceito <strong>de</strong> imagem — entendida como certa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significação cultural <strong>de</strong>rivada<br />
<strong>de</strong> representações <strong>de</strong> um sujeito — vai além <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> restrito da representação<br />
visual <strong>do</strong> escritor e da sua posição <strong>de</strong> intelectual, e se expan<strong>de</strong> até uma significação<br />
mais ampla, ao incorporar certo número <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s sócio-culturalmente elaboradas.<br />
As imagens <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> foram sen<strong>do</strong> construídas ao longo da vida <strong>do</strong><br />
poeta. No entanto, mesmo após sua morte, continuaram a ser geradas, contribuin<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> significativo, para ampliar o acervo <strong>de</strong> representações <strong>do</strong> intelectual. Em sua<br />
trajetória, essas imagens <strong>de</strong>senham-se em círculos concêntricos, que vão se<br />
expandin<strong>do</strong>, mas não se excluem, enquanto os arranjos vão se transforman<strong>do</strong> e os