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Contornos do Indizível: o estilo de Clarice Lispector - Fale - UFMG

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Em Tese, Belo Horizonte, v. 10, p. 74-79, <strong>de</strong>z. 2006<br />

A Construção <strong>do</strong> Tempo da História e <strong>do</strong> Tempo da Ficção em<br />

Obras <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queirós e Fernan<strong>do</strong> Pessoa<br />

74<br />

Resumo<br />

Disponível em http://www.letras.ufmg.br/poslit<br />

Fernan<strong>do</strong> Ferreira da Cunha Neto<br />

Neste ensaio discutimos a construção ficcional <strong>do</strong> tempo em<br />

obras <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queirós e Fernan<strong>do</strong> Pessoa, especialmente, em<br />

A ilustre casa <strong>de</strong> Ramires, <strong>do</strong> primeiro, e em Mensagem, <strong>do</strong><br />

segun<strong>do</strong>. Nossa principal assertiva é a da remanufaturação, na<br />

tessitura das obras, <strong>de</strong> um tempo que chamamos intraliterário.<br />

Palavras-chave: Tempo extraliterário. Tempo intraliterário. A ilustre casa <strong>de</strong><br />

Ramires. Mensagem.<br />

Bem antes <strong>de</strong> Pessoa, seu her<strong>de</strong>iro extralúci<strong>do</strong> e cego diante da<br />

realida<strong>de</strong> grosseira que transfigurará como um diamante, Eça viu<br />

como um dana<strong>do</strong>. (LOURENÇO, 1997, p. 713).<br />

O trecho <strong>do</strong> qual nos apropriamos para a introdução <strong>de</strong>ste ensaio sobre as obras,<br />

A ilustre casa <strong>de</strong> Ramires e Mensagem, <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queirós e Fernan<strong>do</strong> Pessoa,<br />

respectivamente, foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> um artigo intitula<strong>do</strong> “O Tempo <strong>de</strong> Eça e Eça e o<br />

Tempo”, 1 escrito por Eduar<strong>do</strong> Lourenço, e integra os Anais <strong>do</strong> III Encontro<br />

Internacional <strong>de</strong> Queirosianos.<br />

Lourenço, no artigo em referência, começa por tipificar o tempo <strong>de</strong> Eça, ou seja,<br />

o perío<strong>do</strong> sociohistórico coetâneo <strong>do</strong> escritor. É a época das transformações que<br />

aceleram o tempo — pelo menos aquelas que os registros oficiais gravam como<br />

históricas. É a época em que a Geração <strong>de</strong> 70 — Eça como um <strong>de</strong> seus principais<br />

expoentes — surgirá no cenário <strong>do</strong> Portugal <strong>de</strong> fins <strong>do</strong>s oitocentos. Tempo das<br />

convulsões sociais que ameaçam os, ainda persistentes, vestígios aristocráticos<br />

oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Antigo Regime. 2 É uma era que o Eça diplomata — exila<strong>do</strong> em diversos<br />

consula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Portugal, em Havana, em Bristol e, por fim, em Paris — conheceu e a<br />

sabia ainda não <strong>de</strong> to<strong>do</strong> a<strong>de</strong>ntrada em Portugal. Tempo <strong>de</strong> uma Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que não<br />

trouxera, afinal, a re<strong>de</strong>nção <strong>do</strong> homem <strong>de</strong> suas misérias e, em alguns casos, até<br />

mesmo acentuara estas últimas.<br />

Aproprian<strong>do</strong>-nos <strong>de</strong> algumas das obras <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queirós, o tempo coetâneo <strong>do</strong><br />

escritor é o <strong>de</strong> Jacinto, português exila<strong>do</strong> em Paris, e que vive o brilho/ócio da<br />

enfa<strong>do</strong>nha Civilização. (E também o tempo em que o mesmo fidalgo português — que<br />

vivera aparta<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu país — retorna à Tormes <strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s, sua<br />

proprieda<strong>de</strong> localizada no norte <strong>de</strong> Portugal). O “Tempo <strong>de</strong> Eça” é também o <strong>de</strong>

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