História do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
de descontentamento popular. A Revolta <strong>do</strong> Vintém,<br />
contra o aumento na tarifa <strong>do</strong>s bondes (puxa<strong>do</strong>s por<br />
burros), foi uma delas Cresciam as críticas ao Impera<strong>do</strong>r.<br />
O ministério chefia<strong>do</strong> pelo Visconde de Ouro Preto<br />
(Afonso Celso) tinha um programa de reformas que<br />
atendia alguns anseios oposicionistas: diminuição das<br />
atribuições <strong>do</strong> Conselho de Esta<strong>do</strong>, um <strong>do</strong>s principais<br />
instrumentos <strong>do</strong> poder imperial, liberdade de culta e<br />
maior autonomia para as províncias.<br />
Apresentadas em 11 de junho de- as propostas de Ouro<br />
Preto foram rejeitadas pela Câmara.<br />
Entre os dias 8 e 9 de novembro daquele ano, o tenente<br />
coronel Benjamin Constant iniciou um movimento<br />
golpista para derrubar a monarquia. Na tarde de 15 de<br />
novembro, o Marechal Deo<strong>do</strong>ro da Fonseca, a frente da<br />
tropa, depôs o ministério de Afonso Celso e, durante<br />
urna passeata pelas ruas da capital, proclamou a<br />
República. O império ainda tentou reagir, mas a atuação<br />
de radicais republicanos, corno Silva Jardim e José <strong>do</strong><br />
Patrocínio, que haviam toma<strong>do</strong> a Câmara, tornou a<br />
proclamação da republica irreversível.<br />
A República da Espada<br />
O Governo de Deo<strong>do</strong>ro da Fonseca<br />
O perío<strong>do</strong> 1889-1894 ficou conheci<strong>do</strong> corno a República<br />
da Espada, pois tivemos sucessivamente, <strong>do</strong>is marechais<br />
na Presidência Deo<strong>do</strong>ro da Fonseca e Floriano Peixoto.<br />
Deo<strong>do</strong>ro como proclama<strong>do</strong>r da Republica, se tomou<br />
presidente <strong>do</strong> governo provisório.<br />
O ministro escolhi<strong>do</strong> representava as forças militares e<br />
civis que haviam derruba<strong>do</strong> o império o Exército, os<br />
cafeicultores, principalmente os paulistas, e as camadas<br />
médias urbanas.<br />
Os governos militares representaram um perío<strong>do</strong> de<br />
transição. Ainda não estava defini<strong>do</strong> claramente qual <strong>do</strong>s<br />
grupos teria a hegemonia política. Havia como vimos<br />
diferenças sensíveis entre as idéias republicanas<br />
positivistas, muito influentes no meio militar, e o<br />
republicanismo <strong>do</strong>s cafeicultores paulista. Além das<br />
divergência entre civis e militares, havia também<br />
diferenças internas a estes grupos. No seu militar a<br />
divergência maior se dava entre a marinha, com uma<br />
oficialidade aristocrática e conserva<strong>do</strong>ra, e o Exército,<br />
com raízes populares. Entre os civis havia a contradição<br />
entre o republicanismo mais radical, liga<strong>do</strong> as classes<br />
médias urbanas, e das elites <strong>do</strong>s cafeicultores.<br />
Essas contradições se manifestavam no governo<br />
provisório.<br />
O ministro da fazenda, Rui Barbosa, tinha uma<br />
concepção avançada: a única forma <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> deixar de<br />
ser dependente <strong>do</strong> exterior era tornar-se industrializa<strong>do</strong>.<br />
Para isso era preciso dinheiro e o ministro começou uma<br />
política de emissão de papel-moeda. Com bastante<br />
dinheiro, os bancos, autoriza<strong>do</strong>s pelo governo, poderiam<br />
emprestar dinheiro a quem quisesse investir em<br />
atividades industriais e comerciais. Muitos aproveitaram<br />
a ocasião e fizeram fortunas. Não produzin<strong>do</strong> ou atuan<strong>do</strong><br />
no comércio, mas especulan<strong>do</strong>. Os negócios com ações,<br />
a maioria de empresas que nunca saíram <strong>do</strong> papel, se<br />
transformaram em um verdadeiro jogo de azar. Por essa<br />
razão, a política de Rui ficou conhecida como<br />
encilhamento, um termo turístico, fazen<strong>do</strong> referência as<br />
apostas em corridas de cavalo.<br />
Com isso fracassou a política de Rui Barbosa e o país<br />
mergulhou em uma crise econômico-financeira.<br />
Além <strong>do</strong>s problemas causa<strong>do</strong>s pela fracassada reforma<br />
de Rui Barbosa, Deo<strong>do</strong>ro teve que enfrentar sérios<br />
conflitos de ordem política.<br />
A centralização <strong>do</strong> poder desagradava os cafeicultores <strong>do</strong><br />
Parti<strong>do</strong> Republicano Paulista. A elaboração da primeira<br />
constituição republicana trouxe à tona as divergências<br />
entre os alia<strong>do</strong>s que derrubaram o regime monárquico:<br />
a) os positivistas <strong>do</strong> exercito queriam, como sabemos um<br />
regime centraliza<strong>do</strong>;<br />
b) Os grandes cafeicultores queriam um governo<br />
federalista, isto é, esta<strong>do</strong>s (nova denominação das antigas<br />
províncias) com maior independência.<br />
No dia 24 de fevereiro de 191 for promulgada a<br />
constituição republicana que tinha por base a<br />
constituição <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s:<br />
a) federalismo: os esta<strong>do</strong>s teriam direito de fazer suas<br />
próprias constituições e eleger seus presidentes (mais<br />
tarde governa<strong>do</strong>res);<br />
b) eleições diretas para to<strong>do</strong>s os níveis: presidente <strong>do</strong><br />
país, presidentes <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s (governa<strong>do</strong>res), deputa<strong>do</strong>s e<br />
sena<strong>do</strong>res. Excepcionalmente a primeira eleição para<br />
presidente e vice-presidente da República seria indireta.<br />
A eleição realizou se no dia seguinte à promulgação da<br />
constituição. Deo<strong>do</strong>ro, corno presidente: <strong>do</strong> governo<br />
provisório, era candidato natural e representava ‘Os<br />
militares; Prudente de Morais foi o candidato civil <strong>do</strong>s<br />
chama<strong>do</strong>s republicanos histórico (ou <strong>do</strong>s grandes<br />
cafeicultores). Deo<strong>do</strong>ro foi eleito, mas o vice-presidente<br />
escolhi<strong>do</strong> foi o marechal Floriano. Peixoto, da chapa de<br />
Prudente de Morais.<br />
Logo depois das eleições seguiram-se grandes agitações<br />
políticas Deo<strong>do</strong>ro enfrentava os efeitos da desastrosa<br />
política econômica <strong>do</strong> encilhamento. No dia 2 de<br />
novembro o Congresso aprovou a Le das<br />
Responsabilidades pela qual o presidente teria seus<br />
poderes bastante restringi<strong>do</strong>s. Deo<strong>do</strong>ro reagiu fechan<strong>do</strong> o<br />
103