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História do Brasil

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O AVANÇO DO CAFÉ<br />

96<br />

TEXTOS COMPLEMENTARES<br />

TEXTO 01<br />

Ao analisar a Revolução Praieira, Joaquim Nabuco<br />

comentava:<br />

“Não se pode deixar, de reconhecer no movimento<br />

praieiro a força de um turbilhão popular. Violento,<br />

indiferente a leis e princípios, incapaz de permitir em seu<br />

seio o mínimo de desacor<strong>do</strong>, empregan<strong>do</strong> sempre meios<br />

muito mais enérgicos <strong>do</strong> que as resistências exigiam,<br />

embriagan<strong>do</strong>-se com seus excessos de autoridade; tu<strong>do</strong><br />

isto é exato <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio da Praia, e esses são os<br />

característicos da democracia- Mas a verdade é que a<br />

Praia era a maioria, era quase o povo pernambucano<br />

to<strong>do</strong>; e o povo julgava o seu direito tão extenso como a<br />

sua vontade, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> luta com classes que se<br />

servem das delongas infinitas da lei para conservarem os<br />

seus privilégios e perpetuarem os seus abusos. O povo<br />

acreditava ter <strong>do</strong>is inimigos que o impediam de ganhar a<br />

vida e adquirir algum bem-estar: esses inimigos eram os<br />

portugueses, que monopolizavam o comércio nas<br />

cidades, e os ser hores de engenho, que monopolizavam<br />

a terra no interior.<br />

A guerra <strong>do</strong>s praieiros era feita a esses <strong>do</strong>is elementos —<br />

o estrangeiro e o territorial: mais que um movimento<br />

político, era assim um movimento social. Além disso, ao<br />

contrário <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> da Ordem, a Praia<br />

dispunha da massa popular e tinha sempre prontos,<br />

esperan<strong>do</strong> o seu aceno, os elementos precisos para uma<br />

revolução” . (Apud (CHACON, V, p. 37)<br />

TEXTO 02<br />

“Na verdade, nos acostumamos à situação existente no<br />

<strong>Brasil</strong> e confundimos tolerância racial com democracia<br />

racial. Para que esta última exista não é suficiente que<br />

haja alguma harmonia nas relações sociais de pessoas<br />

pertencentes a estoques raciais diferentes ou que<br />

pertencem a “raças” distintas. Democracia significa,<br />

fundamentalmente, igualdade social, econômica e<br />

política. Ora, no <strong>Brasil</strong>, ainda hoje não conseguimos<br />

construir uma sociedade democrática nem mesmo para<br />

os “brancos” (...) É uma confusão, sob muitos aspectos<br />

farisaica, pretender que o nevo e o mulato contem com<br />

igualdade de oportunidades diante <strong>do</strong> branco, em termos<br />

de renda, <strong>do</strong> prestígio social e de poder.<br />

O padrão brasileiro da relação racial, ainda hoje<br />

<strong>do</strong>minante, foi construí<strong>do</strong> para uma sociedade escravista,<br />

ou seja, para manter o “negro” sob sujeição <strong>do</strong> “branco”.<br />

Enquanto esse padrão de relação racial não for aboli<strong>do</strong>, a<br />

distância econômica, social e política entre o “negro” e o<br />

“branco” será grande, embora tal coisa não seja<br />

reconhecida de mo<strong>do</strong> aberto, honesto e explícito.<br />

(...) essa propalada “democracia racial” não passa,<br />

infelizmente, de um mito social. E um mito cria<strong>do</strong> pela<br />

maioria, ten<strong>do</strong> em vista os interesses sociais e os valores<br />

morais dessa maioria: ela não ajuda o “branco” no

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