História do Brasil

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106 outras afinadas aos seus propósitos Para isso, o líder gaúcho criou o Partido Republicano Conservador. Uma intervenção desse tipo foi feita em Pernambuco e, depois, no Ceará onde a disputa pelo poder se transformou numa verdadeira guerra civil. O Ceará dividiu-se: de um lado a velha oligarquia dos Accioli, aliada a Pinheiro Machado, e de outro lado a candidatura militar do coronel Marcos Franco Rabelo, A “guerra” entre as duas forças políticas envolveu o Padre Cícero, conhecido líder místico da região, que apoiava os Accioli. Somente a intervenção direta do governo federal pacificou o Estado. Como veremos no próximo capitulo, as tentativas salvacionistas dos militares podem ser vistas como prenunciadoras do conflito, nos anos 20, entre a República dos Cafeicultores e os jovens militares conhecidos como “tenentes”.
X - A REPÚBLICA VELHA: CONTRADIÇÕES E CONFLITOS Café e Indústria Entre os fatores, ligados ao café, que facilitaram a industrialização brasileira podemos citar: a) atraco de mão-de-obra estrangeira para o Brasil e a consequente substituição gradativa do trabalho escravo pelo assalariado. Inicialmente usada na economia cafeeira, essa mão-de-obra se transferiu para o meio urbano e velo a constituir parte substancial do operariado industrial. Com o trabalho assalariado ampliou-se o mercado consumidor para produtos industriais. Inicialmente estes produtos eram todos importados, mas os que exigiam uma tecnologia menos sofisticada, caso dos bens de consumo não duráveis (roupas, calçados, alimentos...), passaram a ser produzidos com vantagem no pais: Diante a Primeira Guerra Mundial as dificuldades de importação aceleram esse processo de substituição de produtos importados por nacionais. O ramo industrial que mais se desenvolveu foi o alimentício por várias razões: - facilidade de fabricação local; - dificuldade de importação causada pelas possibilidades de deterioração dos produtos. Em segundo lugar, vinha a indústria têxtil, que contava com abundante matériaprima no próprio país. b) a expansão cafeeira criou urna rede moderna de transportes e um sistema de créditos. O volume do café exportado e a distância, cada vez major, entre as zonas produtoras e os portos de embarque, exigiam um meio de transporte eficiente. Foi o que estimulou a implantação de ferrovias. Os negócios do café exigiam também um sistema de crédito para financiar a produção e a comercialização do produto. Ambos acabaram servindo também ao nascente setor industrial: c) o café também foi responsável pela geração de capitais investidos na indústria. A própria superprodução de café, criando dificuldades para a colocação do produto no mercado internacional, limitava a sua expansão. Desta forma, muitos fazendeiros investiam os lucros obtidos com o café em outras atividades, entre elas a industrial; d) a expansão cafeeira intensificou o trabalho assalariado, aumentou a renda nacional a fluxo monetário interno e a capacidade de Importar. Com isto se desenvolveram empresas importadoras que, com o tempo, se tornaram também produtoras (substituição de importações). Grande parte dessas empresas foi criada por imigrantes e seus descendentes. Por outro lado pode apontar a economia cafeeira como limitadora da industrialização no país. Governantes ligados aos interesses agroexportadores, não adotaram nina política industrial, o próprio sucesso da economia cafeeira reforça a tese que o país tinha nina “vocação agrícola”. O café gerava as divisas necessárias para importar os produtos industrializados e não criava atritos com Os países industrializados. Estes reservavam, a países como o Brasil, a papel de fornecedores de produtos tropicais e de matérias-primas e consumidores de produtos industrializados. Era a denominada divisão internacional do trabalho. Essa mentalidade agroexportadora dos nossos governantes impedia a adoção de nina política industrialista coerente. Sem apoio do Estado, os setores industriais que produzem matérias-primas básicas (caso da siderurgia, par exemplo) e bens de capital (maquinários) não se desenvolveram. Quando o governo criava taxas para os produtos importados tornando-os mais caros e beneficiando os nacionais, isto visava mais o aumento da arrecadação e o equilíbrio das contas públicas do que a proteção da indústria nacional. Cacau e Borracha Durante a República Velha, ao mesmo tempo em que no Sudeste ocorria uma relativa modernização e industrialização, acentuava-se a crise da economia nordestina. Todavia tivemos na região sul da Bahia surto da economia cacaueira favorecido por uma conjuntura do mercado internacional. A lavoura de cacau estava organizada nos moldes da economia de raízes coloniais (grande propriedade, monocultura e exportadora), mas, se utilizava de mão-de-obra livre de nordestinos fugidos da seca. O mesmo ocorreu na Região Norte com o surto da borracha Favorecida pelo advento da indústria automobilística, a extração do látex (matéria-prima básica para a fabricação da borracha) teve uma grande expansão Essa atividade absorveu significativos contingentes populacionais expulsos da região nordestina pela crise econômica agravada por longos períodos de seca. 107
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