História do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Banco <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> o breve sonho <strong>do</strong> manter autonomia<br />
pública, mesmo ainda estan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> a Portugal chegava<br />
ao fim.<br />
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA<br />
Em outubro de 1821, as Cortes determinam a<br />
transferência <strong>do</strong> varies Órgãos <strong>do</strong> governo para Portugal<br />
e a volta <strong>do</strong> príncipe regente, que seria substituí<strong>do</strong> por<br />
um governa<strong>do</strong>r em cada província.<br />
Em dezembro <strong>do</strong> mesmo ano, chegou uma nova ordem<br />
<strong>do</strong>s Cortes para que a príncipe retornasse a Portugal. Em<br />
nove de janeiro de 1822, foi apresenta<strong>do</strong> a D. Pedro I um<br />
abaixo-assina<strong>do</strong> <strong>do</strong>s brasileiros, pedia <strong>do</strong> qual<br />
permanecesse aqui. Finalmente, D. Pedro I decidiu ficar<br />
em território brasileiro desafian<strong>do</strong> a autoridade das<br />
Cortes. Tal episodio ficou conheci<strong>do</strong> como o dia <strong>do</strong> fico.<br />
As medidas coloniza<strong>do</strong>ras das Cortes portuguesas<br />
começaram a se fazer sentir sobre o <strong>Brasil</strong>, anulan<strong>do</strong> os<br />
efeitos positivos <strong>do</strong> governo joanino. O <strong>Brasil</strong> tinha o<br />
direito de enviar 75 deputa<strong>do</strong>s como representantes das<br />
Províncias na assembleia das Cortes Constituintes,<br />
entretanto, antes mesmo de chegada destes, várias<br />
decisões importantes já tinham si<strong>do</strong> tomadas ou estavam<br />
a caminho, todas no senti<strong>do</strong> da recolonização.<br />
Se em Lisboa os deputa<strong>do</strong>s brasileiros não conseguiram<br />
conter o furor colonialista das Cortes, por aqui cresciam<br />
os protestos públicos. A partir dessa fase. Dom Pedro i já<br />
dava sinais <strong>do</strong> que tencionava no atender, as ordens que<br />
vinham de Lisboa. As Cortes decidiram, então, desligar<br />
as províncias da colônia das ordens da capital Rio de<br />
Janeiro. Em maio de 1822, em represália, D. Pedro I<br />
determinou ‘cumpra-se’, que era uma resolução pela qual<br />
nenhum decreto das. Corte de Portugal poda ria ser<br />
cumpri<strong>do</strong> no <strong>Brasil</strong> sem a concordância <strong>do</strong> regente.<br />
Aos poucos, Dom Pedro I se aproximava <strong>do</strong>s<br />
latifundiários brasileiros, principais’ interessa<strong>do</strong>s na<br />
manutenção da autonomia política <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. O<br />
responsável direto pela articulação da aproximação entre<br />
o regente a elite agrária nacional foi José Bonifácio de<br />
Andrade e Silva, que depois ficou conheci<strong>do</strong> como o<br />
Patriarca da Independência.<br />
José Bonifácio<br />
Mas nem to<strong>do</strong>s os que estavam interessa<strong>do</strong>s na<br />
independência pensavam da mesma forma, José<br />
Bonifica<strong>do</strong>, representante <strong>do</strong>s. Setores conserva<strong>do</strong>res<br />
viam a independência como algo que salvaguardasse a<br />
liberdade econômica. Já outro grupo, lidera<strong>do</strong> por<br />
homens como Joaquim Gonçalves Le<strong>do</strong> e Januário da<br />
Cunha Barbosa, que englobava maçons, jornalistas,<br />
bacharéis, militares, entre outros, viam a independência<br />
como o rompimento radical e definitivo <strong>do</strong>s laços<br />
coloniais.<br />
Juntamente com as camadas populares das vilas e<br />
cidades, asses <strong>do</strong>is grupos formavam o que se<br />
convencionou chamar de Parti<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>eiro ou Parti<strong>do</strong> da<br />
Independência o que demonstra o quão heterogêneos<br />
eram os interesses que permeavam as articulações<br />
políticas que culminaram no rompimento entre <strong>Brasil</strong> a<br />
Portugal.<br />
Depois <strong>do</strong> ter proibi<strong>do</strong> a entrada de novos contingentes<br />
militaras portugueses em terras brasileiras, Dom Pedro I<br />
recebia a título de Defensor Perpétuo <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. sen<strong>do</strong><br />
que, em Junho de 1822, foi convocada a primeira<br />
Assembleia constituinte brasileira.<br />
O processo de ruptura precipitou-se com a chegada ao<br />
<strong>Brasil</strong> de um ultimato <strong>do</strong> governo lusitano anulan<strong>do</strong> os<br />
atos <strong>do</strong> regente a ameaçan<strong>do</strong>-o com o envio de tropas<br />
caso não regressasse imediatamente a Portugal.<br />
Assim, diante da radicalização metropolitana o<br />
rompimento tornou-se inevitável. Em viagem pela<br />
Província de São Paulo, Dom Pedro 1 recebeu através de<br />
um mensageiro envia<strong>do</strong> par José Bonifácio a ultimato <strong>do</strong><br />
governo Português, bem como uma outra carta na qual<br />
recebeu <strong>do</strong> próprio Bonifácio e da princesa Leopoldina a<br />
sugestão de que era o momento de se proclamar a<br />
independência política <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, o que de fato ocorreu<br />
em 7 de setembro de 1822.<br />
Topas portuguesas estacionadas no <strong>Brasil</strong> e leais as<br />
Cortes resistiram à independência. O novo governo<br />
instituí<strong>do</strong> enviou tropas brasileiras e uma esquadra<br />
comandada por mercenários, destacan<strong>do</strong>-se o inglês<br />
Cochrane, que atacou as cidades de Salva<strong>do</strong>r. São Luis e<br />
Belém. No sul, a defesa da legitimidade da autonomia<br />
coube ao general Carlos Lecor, e Montevidéu teve de<br />
submeter-se a Dom Pedro 1. As chamadas guerras de<br />
independência só terminaram em 1823, com a rendição<br />
das tropas portuguesas em Montevidéu. Dom Pedro I já<br />
havia si<strong>do</strong> cora<strong>do</strong> primeiro Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
O <strong>Brasil</strong> realizara sua independência, sem que tivesse<br />
ocorri<strong>do</strong> derramamento de sangue. E mais: fora mantida<br />
a ordem social e econômica <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> colonial, isto é,<br />
latifúndio monocultor, produção para exportação e<br />
escravismo em larga escala.<br />
69